Uma carta aberta que presta tributo à memória do padre Max e de Maria de Lurdes junta mais de 300 subscritores de todos os quadrantes da vida pública, uma homenagem lançada quando passam 45 anos desde o seu assassinato.
A iniciativa desta carta aberta foi do antigo secretário-geral da UDP e fundador do BE, Luís Fazenda, que recorda à agência Lusa o padre Max como “humanista e inconformado que tomava a democracia como um todo”, considerando que o tempo lhe “a dimensão de uma coragem que tudo estremeceu”.
Entre os mais de 300 subscritores deste texto - lançado no dia em que passam 45 anos sobre o assassinato do padre Max e Maria de Lurdes, vítimas de um atentado bombista ao automóvel onde seguiam - estão personalidades do mundo político, cultural e académico.
“Em Memória de pessoas que tão vilipendiadas foram, durante muitos anos, pelo escol brutal do passadismo, daqui subscrevemos o apelo: não vos mataram, semearam-vos!”, defende o texto.
Para os subscritores, “o assassinato de Max e Lurdes trouxe um repúdio tal que desencadeou um autêntico movimento de democratização cujas raízes ainda perduram”, um “atentado que o tribunal atribuiu à organização terrorista e fascista MDLP”.
“Não foi casual a utilização de uma bomba, dirigida pelo ódio reacionário e colonial do MDLP, no próprio dia em que a Constituição foi letra de Lei Magna da República”, acusa.
Neste tributo é ainda enaltecido o facto de o padre Max ter sido “uma pessoa comprometida com os trabalhadores agrícolas de Covas do Douro, com os rodoviários da Auto Viação do Tâmega, com os empregados do comércio de Vila Real e, sobretudo, com os estudantes, tão transmontanos como ele”.
“Max transbordava a democracia do 25 de abril numa região que ainda tinha disso uma notícia longínqua”, recorda.
O ministro Pedro Nuno Santos, a coordenadora do BE, Catarina Martins, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, as socialistas Isabel Moreira, Helena Roseta e Ana Jorge ou a social-democrata Teresa Leal Coelho são alguns dos nomes que assinam esta carta.
Da área do BE subscrevem ainda Francisco Louçã, Fernando Rosas, José Manuel Pureza, Pedro Filipe Soares, Marisa Matias, Mariana Mortágua, Joana Mortágua, Beatriz Gomes Dias e José Gusmão.
Na cultura apoiam este tributo Jorge Palma, Mário Laginha, Camané, Tiago Rodrigues, Valter Hugo Mãe, Rita Blanco, Miguel Guedes ou José Eduardo Agualusa.
O padre Maximino Barbosa de Sousa foi assassinado na região de Vila Real a 02 de abril de 1976 vítima de uma bomba colocada no seu carro, que matou também a estudante Maria de Lurdes, a quem o clérigo tinha dado boleia.
O sacerdote aceitou ser candidato como independente nas listas da União Democrática Popular (UDP) pelo círculo de Vila Real nas eleições para a Assembleia da República, marcadas para o dia 25 desse mês.
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