O primeiro-ministro, António Costa, inaugura sábado a Autoestrada do Marão – Túnel do Marão, que vai ligar Amarante a Vila Real, anunciou hoje o ministério do Planeamento e Infraestruturas.

Fonte do ministério disse à agência Lusa que a nova autoestrada abre ao tráfego às 00:00 de domingo.

A Autoestrada do Marão possui 26 quilómetros, quase seis por túnel, começou a ser construída em 2009 e, depois de três paragens, é inaugurada no sábado numa cerimónia que será presidida pelo primeiro-ministro, com a presença de vários elementos do Governo, entre os quais o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques.

A festa de inauguração realiza-se sábado à tarde, com a comitiva a entrar no túnel pelo lado de Amarante e os discursos a terem lugar do lado de Vila Real.

Durante a manhã realiza-se uma caminhada solidária e ainda um passeio de carros antigos, um programa que está a ser organizado pelas câmaras de Vila Real e de Amarante.

Segundo a Infraestruturas de Portugal (IP), toda a autoestrada representa um investimento de cerca de 270 milhões de euros.

Concluir o túnel custou 88 milhões de euros, dos quais cerca de 17 milhões de euros foram reservados para os equipamentos de segurança.

A Autoestrada do Marão está construída cerca de 200 metros abaixo do Itinerário Principal 4 (IP4), precisamente na zona da serra onde é mais usual nevar e concentrar-se o nevoeiro e, por isso mesmo, apresenta-se como uma alternativa mais segura e rápida, permitindo encurtar a viagem para o litoral em cerca de 20 minutos.

A velocidade máxima pela travessia do Marão é 100 quilómetros hora e a altura máxima permitida para os veículos é de cinco metros.

Percorrer esta nova via vai custar 1,95 euros (veículos classe 1), 3,40 euros (classe 2), 4,40 euros (classe 3) e 4,90 euros (classe 4).

Nos últimos dias têm-se multiplicado as posições em defesa da abolição de portagens nesta autoestrada, nomeadamente por parte da Comissão de Utentes da A4, bem como pelo Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) e o Bloco de Esquerda.

 

O túnel e as variantes de Bragança e Vila Real eram os únicos troços portajados nos contratos das empreitadas das autoestradas do Marão e Transmontana, que liga Vila Real a Bragança

 

Autarcas e dirigentes partidários concordam na importância do Túnel do Marão

 

Autarcas e dirigentes partidários concordam na importância do Túnel do Marão para Trás-os-Montes e o Douro, uma obra emblemática que vai reforçar a segurança rodoviária e atrair investimento, mas prometem estar atentos ao desafio do despovoamento.

“Esta infraestrutura acabará com a barreira mítica do Marão, uma barreira que era física mas também era muito psicológica”, afirmou o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos.

O autarca recordou que o Itinerário Principal 4 (IP4) “é uma estrada com índices de mortalidade elevados, algo insegura".

Esta abertura trará, na sua opinião, “novas oportunidades, uma grande aproximação de Vila Real ao Porto, ao litoral, será um grande instrumento ao serviço do desenvolvimento da região de Trás-os-Montes e Alto Douro”.

Para Francisco Lopes (PSD), presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro e da Câmara de Lamego, a abertura do túnel ao trânsito “terá um impacto imenso” na região, encurtando a distância do “centro nevrálgico da Região Demarcada do Douro” ao aeroporto Francisco Sá Carneiro e à cidade do Porto

Realçou, porém, a existência de “um problema grave” com o túnel que “é onerado pelo custo das portagens”, admitindo contudo que “este tipo de projetos tem custos elevados e terão que ser suportados por todos”.

O deputado social-democrata e presidente da concelhia do PSD de Vila Real, Luís Ramos, disse à Lusa que o túnel é uma “obra emblemática e ao mesmo tempo um grande desafio”.

“Emblemática porque se rompe uma barreira. Não é que a cidade e a região estivessem isoladas do litoral, mas naturalmente que o túnel melhora a acessibilidade e a proximidade ao porto e ao litoral”, salientou.

E continuou: “um desafio grande porque as estradas e sobretudo as autoestradas tanto trazem como levam”.

“E se não houver por parte dos agentes locais e regionais, as autarquias, as associações empresariais e os próprios empresários uma estratégia concertada e ambiciosa, o risco de não aproveitarmos esta oportunidade é grande”, sustentou o parlamentar.

Francisco Rocha, deputado socialista e presidente da Federação Distrital do Partido Socialista de Vila Real, defendeu que o impacto do Túnel do Marão “será sempre positivo”.

“A facilidade de mobilidade oferecida por esta nova via, implicará que toda a região, a partir desse momento, poderá desfrutar de outras condições que a façam progredir em termos de atração de investimento, da criação de emprego e também de fixar população, olhando como oportunidade um mercado ibérico que passa a estar bem mais acessível”, salientou.

No entanto, quanto aos receios de que a autoestrada possa contribuir também para o despovoamento ou desertificação do interior, o parlamentar frisou que a resposta a “esta questão só poderá ser dada daqui a 10 anos”.

“E está nas mãos de todos os agentes económicos e sociais da região, não deixando de incluir o poder político autárquico e central. Existem ameaças e oportunidades que devemos encarar com coragem, mas acima de tudo, com sentido estratégico”, sublinhou.

 

Túnel do Marão encurta distâncias para utentes e pode ajudar a fixar empresas

 

Empresários e utentes destacam a importância da abertura do Túnel do Marão para a região porque vai melhorar as acessibilidades, aproximar do litoral, ajudar a fixar empresas e reforçar a competitividade de Trás-os-Montes e do Douro.

A Autoestrada do Marão possui 26 quilómetros e inclui um túnel rodoviário de 5,6 quilómetros, começou a ser construída em 2009 e, depois de três paragens, é inaugurada sábado e abre ao trânsito às 00:00 de domingo.

Para cá do Marão, a expectativa é muita em relação à nova via que rasga a serra e aproxima este território do litoral, servindo de alternativa ao sinuoso Itinerário Principal 4 (IP4).

Miguel Pinto é responsável pela Kathrein Automotive, fábrica de componentes para automóveis que produz antenas e está instalada em Vila Real.

Diariamente, Miguel faz a viagem de cerca de 01:10 de Vila do Conde, onde vive, para Vila Real, onde trabalha, e já decidiu que vai optar pela nova autoestrada porque, apesar da portagem, compensa em “relação a tudo”.

“É a segurança logo à partida, depois a viagem é encurtada em pelo menos 20 minutos, a rapidez e o não termos as limitações do que acontece às vezes no inverno e em que há dias que temos que ficar a trabalhar a partir de casa porque não conseguimos passar no IP4 por causa da neve”, afirmou à agência Lusa.

E, segundo frisou, só na Kathrein são cerca de 15 as pessoas que fazem a viagem do litoral para Vila Real numa base diária e que vão passar a usar o túnel.

Miguel Pinto destacou também as vantagens enquanto empregador. “Tivemos muitos casos de pessoas que vinham cá fazer entrevista de trabalho e depois, quando se apercebiam do que era fazer o IP4, já não aceitavam a proposta”, salientou.

Jorge Santos, da transportadora Rodonorte, afirmou à agência Lusa que a empresa vai passar a utilizar o Túnel do Marão, uma solução que diminuirá o tempo da viagem para o Porto e também para Lisboa.

“A nossa intenção é assegurar que os nossos passageiros tenham uma viagem cómoda e no mais curto espaço de tempo possível”, frisou.

Jorge Santos salientou que, mesmo que exista um aumento dos gastos da empresa por causa da portagem, este poderá ser colmatado com um menor gasto em termos de manutenção das viaturas.

Para Luís Tão, presidente da Associação Empresarial de Vila Real – Nervir, a “competitividade das empresas e o desenvolvimento da região é impossível sem autoestradas” e, por isso mesmo, espera que a nova via ajude a “estancar a saída de pessoas e seja mais um argumento para fixar empresas”.

No entanto, o responsável critica a introdução de portagens e defende que a região devia “ficar isenta pelo período equivalente ao atraso que possui em relação ao resto do país”.

Já o presidente da Turismo do Porto e Norte, Melchior Moreira, salientou a “aproximação maior, mais segura e mais célere, entre a maior porta de entrada de turistas na região, o aeroporto Francisco Sá Carneiro, e o Douro e Trás-os-Montes”.

“São sete milhões de visitantes que anualmente ali desembarcam que passam a ter uma ligação privilegiada a todo um destino. É, definitivamente, um grande passo no combate às assimetrias regionais e que a juntar-se à autoestrada de Madrid e ao TGV coloca o Douro e Trás-os-Montes na linha da frente na receção aos fluxos de turistas”, frisou o responsável.

 

 

Túnel do Marão facilita transporte de doentes e pode ajudar a contratar médicos

 

O Túnel do Marão vai melhorar as acessibilidades entre Trás-os-Montes e o litoral facilitando o transporte dos doentes e poderá ajudar na contratação de mais médicos para o interior, defendem entidades ligadas ao setor da saúde.

Sete anos depois do início da construção, a Autoestrada do Marão, que inclui um túnel rodoviário de 5,6 quilómetros e vai ligar Vila Real a Amarante, abre ao trânsito às 00:00 de domingo.

Para além de encurtar as distâncias entre o litoral e o interior, tornando a viagem mais rápida e segura, esta nova via pode trazer também vantagens para a área da saúde.

No Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que agrega os hospitais de Vila Real, Chaves, Régua e Lamego, uma das grandes dificuldades que é apontada é a contratação de mais médicos especialistas.

“Esta nova via poderá trazer grandes valias na contratação de mais profissionais de saúde, nomeadamente médicos e enfermeiros, uma vez que as deslocações entre litoral e interior serão realizadas com menor esforço e melhor acessibilidade”, afirmou à agência Lusa João Oliveira, presidente do conselho de administração do CHTMAD.

O responsável acredita igualmente que “este túnel rodoviário trará benefícios em tempo e comodidade para os doentes que precisem dos cuidados de saúde do CHTMAD”.

“A concretização do Túnel do Marão será sempre uma mais-valia quando se trata de minorar as diferenças entre regiões do país, sendo desta forma possível promover-se a garantia do direito de acesso universal e equitativo aos serviços públicos de saúde”, frisou João Oliveira.

E, para Miguel Fonseca, responsável pela Proteção Civil Municipal de Vila Real e comandante dos bombeiros da Cruz Verde, no que diz respeito ao transporte de doentes, a nova autoestrada “traz grandes vantagens porque vai facilitar as acessibilidades para o Porto, que é um dos principais destinos dos doentes do concelho de Vila Real”.

“Só por si traz vantagens no que diz respeito às associações, porque reduz efetivamente os custos dos transportes”, salientou.

Mas, na sua opinião, esta nova infraestrutura “é também um desafio” para as organizações de socorro porque exige “uma reorganização e a aquisição de novos procedimentos”.

“Obriga-nos a definir alguns planos novos porque é uma infraestrutura nova que nós até aqui não tínhamos. Não vejo como um problema, mas como um desafio que nos obriga a reorganizar e a adaptar novos hábitos e novos procedimentos”, sublinhou.

Para se prepararem para intervir no túnel, 40 bombeiros de quatro corporações (Cruz Branca, Cruz Verde, Amarante e Vila Meã) realizaram uma formação no centro de formação "Tunnel Safety Testing" (TST), em Oviedo (Espanha), para testarem, num cenário real, o combate ao fogo em viaturas, a ventilação, busca e salvamento.

 

Cronologia do Túnel do Marão

Avanços e recuos, paragens e processos em tribunal, questões económicas e políticas marcaram a construção desta autoestrada que vai ligar Amarante a Vila Real e eliminar a barreira mítica da serra do Marão.

2002 - No III Congresso de Trás-os-Montes e Alto Douro, o então primeiro-ministro, Durão Barroso, defende a passagem do IP4 a autoestrada.

2006 – No âmbito da iniciativa “Governo Presente”, em Bragança, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e o primeiro-ministro, José Sócrates, anunciam o Plano Rodoviário Nacional que previa um investimento de cerca de 1.500 milhões de euros, no qual estava incluída a autoestrada entre Amarante e Vila Real, com um túnel a atravessar a Serra do Marão.

2007 - Governo lança o concurso da Autoestrada do Marão, que incluiu um túnel de 5,6 quilómetros, o maior túnel rodoviário da Península Ibérica.

2008 - Assinatura do contrato de concessão da Autoestrada do Marão. Concessionária Autoestrada do Marão é composta pelas empresas Somague e MSF.

O primeiro-ministro, José Sócrates, diz que esta autoestrada é “um ato de justiça e solidariedade” para os transmontanos, que já esperaram tempo demais”.

Janeiro de 2009 - O Governo prevê que com a construção das autoestradas do Marão e Transmontana, vias alternativas ao Itinerário Principal 4 (IP4), a sinistralidade rodoviária na zona seja reduzida entre 40 a 60 por cento. Nos 11 anos anteriores, a sinistralidade registada no IP4, entre Amarante e Bragança, atingiu uma média de 22 mortos por ano.

Maio de 2009 – Começou a construção do túnel, com desmatações e trabalhos preparatórios de escavação a céu aberto nos lados poente (Amarante) e nascente (Vila Real).

Agosto de 2009 – Já está a ser escavado o túnel, com recurso ao método austríaco, de perfuração, rebentamento e retirada de escombros. Obra avança cerca de quatro metros por dia nas quatro bocas de túnel.

Novembro de 2009 – Suspensa a escavação do Túnel do Marão devido a uma providência cautelar interposta pela empresa Água do Marão, alegando que a obra prejudica a exploração de água.

Maio de 2010 – Depois de seis meses suspensa, é retomada a escavação do túnel por decisão do Tribunal Central Administrativo do Norte.

Junho de 2010 – Escavação do Túnel do Marão novamente suspensa por decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel

Agosto de 2010 – A obra é retomada no interior do túnel. Concessionária anuncia que deverá estar concluída entre o terceiro e quarto trimestre de 2012, com um atraso de oito meses.

Junho de 2011 – A obra na Autoestrada do Marão é suspensa em toda a sua extensão. A primeira vez em toda a empreitada e a terceira no interior do túnel.

A Somague confirma que “recebeu instruções por parte da concessionária para suspender os trabalhos” na Autoestrada do Marão, uma informação avançada pelo Sindicato da Construção. É anunciada uma suspensão por 90 dias.

Novembro de 2011 – O secretário de Estado das Obras Públicas, Sérgio Monteiro, anuncia estarem a ser negociados 200 milhões de euros de fundos comunitários para concluir a Autoestrada do Marão.

2013, jun – O Estado resgata a concessão do Túnel do Marão alegando justa causa fundada no incumprimento pela concessionária Autoestradas do Marão.

Dois anos depois da paragem da obra e depois de um longo processo negocial, o Estado anuncia uma solução que leva ao primeiro resgate de uma obra pública feito no país.

A Somague refuta e disse ter sido a concessionária, e não o Estado, a rescindir o contrato por “incumprimentos vários do concedente”.

Estado mantém litígio em tribunal arbitral com as companhias que integravam a concessionária.

Fevereiro de 2014 – Publicados em Diário da República os anúncios dos três concursos públicos que vão permitir retomar os trabalhos na autoestrada, que ficam divididos em três empreitadas.

Julho de 2014 – A Estradas de Portugal anuncia ter adjudicado por 146,4 milhões de euros as três obras relativas à construção do Túnel do Marão e acessos a nascente e poente.

Novembro de 2014 – A perfuração do Túnel do Marão é retomada.

Novembro 2015 - A escavação do túnel do Marão ficou concluída com a abertura da segunda galeria que atravessa a serra. Nas entradas da serra assinala-se um “momento histórico”.

07 de Maio de 2016 – A Autoestrada do Marão é inaugurada sete anos depois do início da obra. Esta via liga a A4 (Amarante) à Autoestrada Transmontana (Vila Real) que segue até Bragança.

08 de Maio de 2016 – A Autoestrada do Marão abre ao tráfego às 00:00

Lusa



PARTILHAR:

Polícia Judiciária deteve suspeito de abuso sexual de crianças

Fechou-se o pano da VIII Mostra de Teatro do Douro