Num concelho florestal e abrangido pelo Parque Natural do Alvão, a autarquia de Mondim de Basto vê na recuperação das casas florestais uma oportunidade para impulsionar o turismo de natureza. O único entrave poderá estar no Ministério das Finanças.
Humberto Cerqueira, presidente da Câmara de Mondim de Basto, está empenhado em revitalizar a enorme mancha florestal que cobre a maioria do vasto território do município e poder atrair para o concelho novas formas de rentabilizar o legado com que a natureza brindou esta terra.
Ao longo da mancha florestal espalham-se pequenas casas que foram abrigo dos guardas florestais mas que, há mais de 20 anos, se encontram ao abandono. Sete pertencem ao Estado, duas à autarquia, uma foi adquirida pelo Conselho Directivo de Baldios de Vilarinho e as restantes seis foram vendidas a particulares em 2006.
\"Temos um rico património ambiental. Rios, paisagens agradáveis, Parque Natural do Alvão e uma apetência natural para tirarmos partido deste tipo de turismo\", explicou o autarca. Cerqueira quer ver criada uma rede entre estas casas florestais e as antigas escolas primárias, que também pontuam a zona rural, para dinamizar um turismo de natureza e de baixo custo. \"Tem que ser um projecto com alguma escala para que possa ser rentabilizado. Criar pólos de atractividade para as unidades hoteleiras existentes. Um turismo de baixo custo para chegarmos a todos os estratos da população\", referiu.
Da parte do governo, Humberto Cerqueira já obteve a boa vontade do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural mas o entrave poderá estar no proprietário dos edifícios: a Direcção-Geral do Património, afecta ao Ministério das Finanças. \"O problema vai ser convencê-los a abrirem mão destas casas por um período que nos permita tirar rentabilidade\", confessou o edil.
Para já o processo está em marcha e brevemente será aberto um concurso de ideias, no âmbito de um financiamento do QREN, para um programa designado Acções de Valorização Ambiental. \"Queremos fazer para já um projecto numa casa que já é nossa, junto das Fisgas de Ermelo. Queremos aproveitar a outra casa, que fica num raio de 100 metros, e queremos englobá-la já no projecto mas para isso temos de a ter na nossa posse\", disse.
A autarquia pretende apenas dar o empurrão inicial para que o projecto ganhe sustentabilidade e caminhe depois pela mão dos privados. \"Se conseguirmos reunir as sete casas e as escolas é já um número aceitável para criarmos uma parceria com uma entidade privada porque a autarquia não está vocacionada para a exploração hoteleira\", defendeu Cerqueira, que não tem em mente a criação de uma empresa municipal para a exploração da rede.
Duas das antigas casas florestais estão situadas em pleno Parque Natural do Alvão mas as restantes estão em zonas limítrofes dessa área protegida. \"A direcção do Parque também está interessada neste projecto. A melhor forma de preservar os parques é dar-lhes vida\", concluiu.