Nestes últimos dias temos observado filas intermináveis de agricultores junto às suas organizações associativas, a fim de tentar cumprir dentro dos prazos a obrigação de se candidatar a uns parcos euros a que o vulgo pomposamente chama de «subsídios» em vez de «prémios ou ajudas».

Não fora já o humilhante acto da busca de umas míseras migalhas que compensem os parcos recursos que as suas actividade e abnegada luta lhes proporcionam, ainda os colocam como subsidiodependentes, sempre que isso importe para justificar o que é absolutamente injustificável fruto de atoardas injustas e malfazejas, movidas por inconfessáveis razões políticas, geradoras de mesquinhas invejas que por vezes interessam a quem manda como forma de encobrir as suas próprias incapacidades e manifestas incompetências...

Esquecem-se de que são eles que asseguram a gestão de mais de 90% do nosso território,... dessa mesma paisagem que todos querem ver tratada a primor quando por ela passam de fugida, esquecendo-se de que, se não viabilizarem a sua actividade, tal não mais será possível... E depois de perdermos o sabor das nossas primícias trocadas por produtos importados, será sempre em crescendo que iremos assistir ao abandono e aos incêndios, que não tarda aí nos estarão a bater à porta, para desgraça de todos nós.

E ainda os sujeitam, num total desrespeito, a horas e horas e mesmo dias de espera pela sua vez para satisfazerem um direito que lhes assiste agora de forma moderna, simplificada e automática bem \\"simplex\\"!!!

Não haverá certamente ninguém consciente, neste país, que não aplauda a iniciativa de modernização e simplificação da máquina do Estado, mas o que também ninguém consciente deixará de exigir é que as alterações introduzidas sejam sempre bem pensadas e testadas antes de ser implementadas, para que não venham a ser causadoras de confusões, incómodos e prejuízos graves para os utentes.

Buscando notoriedade e vãos protagonismos, anuncia-se com pompa e circunstância os novos programas com modernas ferramentas, mas continua a não haver ninguém que se responsabilize quando se constata que os programas não respondem e as ferramentas não funcionam.

Mas, porque algo terá que ser feito e há prazos a cumprir, nada mais fácil que recuperar o papel e a calejada mão, regredindo 12 anos nesta bem portuguesa evolução.

Enquanto isto, as organizações dos agricultores, despejadas dos meios que o Estado lhes quer negar, tentam suprir com sacrifícios, com trabalho fora de horas e sem reclamar remunerações, a ineficácia, a incapacidade e a incompetência de quem lhes nega os meios, envergando, estes sim, a honrosa missão de um serviço público, pela demonstração de dedicação, respeito e quase devoção aos seus representados.

Que emagreça, se modernize e reestruture o Estado! Mas mais que isso se reclama que não só os seus funcionários, mas essencialmente os seus agentes, saibam buscar na sua enobrecedora função aquilo que, verdadeiramente, os pode distinguir: \\"SERVIR\\".



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