Miscigenação e mutilação genital feminina são os temas que compõem o pano de fundo da nova obra literária de Luís Ferreira.

 

“O romance tem início em 1963 na Guiné, em plena Guerra Colonial e fala sobre Xaíma. Uma rapariga mulata, fruto da miscigenação entre um português e uma guineense, que vem para Portugal, mas traz consigo o trauma de uma mutilação genital”, descreve Luís Ferreira, na apresentação ao público do seu novo romance “Xaíma – filha do vento e da guerra” no passado sábado, antes do seu lançamento oficial no mercado.
No Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, perante um auditório repleto e onde marcaram presença algumas figuras ilustres da sociedade brigantina, o autor levantou um pouco mais o véu sobre a sua última obra: “este livro aborda a miscigenação, o cruzamento de raças, mas o tema base é a mutilação genital feminina. Xaíma, que é sujeita a essa monstruosidade, vai lutar ao longo da sua vida contra essa marca, tentando afirmar-se. Mas ao longo do romance vamos notando que essa castração lhe marcou completamente a vida, a juventude, causando medos óbvios, incertezas e uma busca insana de uma verdade que nunca mais chega”.
A mutilação genital feminina é, ainda, uma realidade que continua a existir em pleno século XXI, com mais incidência no continente africano, mas que também se verifica dentro da própria Europa. “O que se pretende com o livro é que seja um recado aberto, mas levando esse recado embrulhado num bombom que é a Xaíma, num bombom que é o romance que ela vive, apesar de estar embrulhado num papel de celofane muito opaco que é a tradição muçulmana”, exprime Luís Ferreira.
À venda por 19.5 euros, o romance estará disponível em Bragança nas livrarias Popular e Rosa Douro. Em qualquer outra parte do país, os interessados poderão efetuar a aquisição literária através da internet, quer na FNAC, na Wook da Porto Editora ou mesmo na Bertrand online.
Com uma primeira edição de 300 exemplares a serem lançados para o mercado, as Edições Vieira da Silva apostam pela segunda vez em Luís Ferreira. Sendo que, a primeira, foi em 2011 com o romance histórico “A Amante de Lenine”.
Nascido na Beira Alta, distrito de Viseu, Luís Ferreira radicou-se em Trás-os-Montes pelo casamento, mais especificamente, em Bragança, onde reside há 39 anos. O professor do ensino secundário, a lecionar História em Vinhais, está já a meio do seu próximo romance e confessa que este gosto pela escrita sempre o acompanhou desde tenra idade. “Sempre gostei de ler e de escrever. Quando estudava no liceu, não havia televisão praticamente. Só tínhamos dois canais, a preto e branco, e era até às 10 da noite. E, portanto, só nos restavam os livros. Era essa a melhor maneira de passar o tempo”, recorda.

Publicações

Folhas de Outono (Poesia)
2003, Viagens
2005, Pelourinho do Distrito de Bragança
2006, 100 anos da Linha do Tua
2007, Conto de Natal
2009, O Ano do Centenário
2011, A Amante de Lenine
2014, Lendas e Tradições da Minha Terra
 



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