A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a desenvolver a plataforma mySense para disponibilizar ferramentas de gestão na viticultura de precisão, que ajudem a prevenir pragas e doenças ou a mitigar as alterações climáticas.
Raul Morais, investigador do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), da UTAD, disse hoje à agência Lusa que o mySense é um protótipo, que ainda está a ser construído, que compila informação dispersa e desenvolvida em vários projetos e que se pretende esta plataforma seja um serviço que possa vir a ser utilizado pela comunidade.
O responsável falava à agência Lusa à margem do Encontro Douro/Duero – Património Comum, que decorreu hoje na UTAD, em Vila Real.
A plataforma, que está em contínuo desenvolvimento, agrega soluções inovadoras e tecnológicas para a agricultura, em particular para a viticultura, que tem um grande peso económico no Douro, região onde a UTAD está inserida.
O mySense dispõe de serviços de apoio à agricultura como a identificação de doenças da videira ou a identificação de castas, entre outros, e oferece suporte para o desenvolvimento de soluções particulares baseadas em sensores estáticos, móveis, de proximidade ou remotos, fornecendo dados de suporte à tomada de decisão.
Raul Morais destacou “o longo historial” e a “maturidade” da UTAD no que diz respeito à investigação e aplicação de tecnologia na agricultura e, em particular, na viticultura.
“Temos os modelos para a previsão de algumas pragas e doenças, temos sistemas de apoio à decisão para a rega, o processamento automático de imagens aéreas, projeções climáticas (…) Temos maturidade desde a monitorização de proximidade usando sensores no terreno, temos um catálogo completo de tudo o que é drones e sensores transportados por drones e dominamos tudo o que são dados produzidos por satélite”, referiu.
Na prática, por exemplo, os investigadores recorrem a algoritmos, a previsões agrometeorológicas e outros modelos treinados por inteligência artificial para fornecer uma previsão, um aconselhamento, um alerta relativamente ao míldio, à traça da uva ou a outra praga ou doença.
Neste caso, informações que podem ajudar os viticultores a agir atempadamente.
Mas há ainda tecnologia que permite, através de imagens térmicas, detetar fugas de água em sistemas de rega na vinha, ou a deteção de possíveis mapas de risco de muros na Região Demarcada do Douro.
“A plataforma mySense está disponível, mas ainda é um produto de suporte às nossas atividades de investigação. Eu conto que nos próximos anos seja um produto que possa ser usado por qualquer pessoa fora da UTAD”, concretizou Raul Morais.
Os Encontros Douro/Duero – Património Comum são organizados pela UTAD, pela Universidade Nacional de Educação à Distância (UNED) de Zamora (Espanha) e por diferentes entidades espanholas e portugueses, alternando a sua realização entre os dois países ibéricos.
Os temas em debate nesta 18.º edição, que se prolonga até sábado, são “Novas Tecnologias como resposta aos novos desafios na vitivinicultura” e “O Enoturismo não ganhará com uma abordagem transfronteiriça?”.