A valorização dos cogumelos, tornar os solos onde crescem mais produtivos e proporcionar formação nesta área são objetivos do protocolo assinado hoje, em Vila Real, entre a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a empresa Cuga.

A empresa é líder do mercado de cogumelos em Portugal, tem unidades de produção em Benlhevai, concelho de Vila Flor (Bragança), Vila Real e Paredes (Porto), possui 350 colaboradores, e a nova marca – a Cuga – chega aos supermercados em abril.

Nuno Pereira, que desde o final de 2023 é o presidente executivo (CEO) da Cuga, a ex-Varandas do Sousa, explicou que o protocolo, assinado hoje na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), tem dois vetores, um mais ligado à formação e uma outra vertente mais científico-tecnológica.

O CEO concretizou que se pretende “recrutar conhecimento, criar estágios e eventualmente definir e delinear cadeiras mais relacionadas com o mundo dos cogumelos” e, depois “quer-se também resolver alguns problemas” do setor.

“Ou ganhar produtividade, ou realçar características do ponto de visa nutritivo, organolético dos próprios cogumelos que venham a beneficiar aquilo que interessa, que é o consumidor português”, explicou.

O protocolo tem a duração de dois anos. A empresa tem já protocolos assinados com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a Universidade de Aveiro.

“É importante para nós porque podemos oferecer aos nossos alunos o ambiente empresarial e isso acaba por ser o foco. Para nós é muito dar-lhes essa formação acrescida. Não é só a formação académica, mas depois uma componente prática”, realçou Paula Seixas Oliveira, investigadora e docente da universidade e diretora do curso de Engenharia Agronómica.

A academia poderá ainda desenvolver linhas de investigação que sirvam a empresa.

“Tornar os substratos, os solos onde os cogumelos crescem, mais produtivos é uma das áreas de investigação que pode ser explorada: as misturas podem ser melhoradas e adaptadas ao tipo de cogumelos que se deseja produzir”, referiu a investigadora.

Que acrescentou que a “escolha das melhores espécies” ou “o estudo das temperaturas mais indicadas para cada fase do ciclo de crescimento” dos cogumelos são outras áreas que a UTAD pode ajudar a empresa a aperfeiçoar.

A Cuga, que substitui o nome da empresa Varandas do Sousa, está a investir três milhões de euros em linhas de produção e refrigeração e prevê aumentar a produção de cogumelos para 6,5 mil toneladas em 2026.

O objetivo nesta nova fase da empresa é colocar o consumo dos cogumelos em Portugal ao nível dos países mais desenvolvidos, inspirando os portugueses para os introduzirem nas suas receitas culinárias.

Segundo Nuno Pereira, cada português consome uma média anual de um quilo de cogumelos por ano, enquanto a média dos espanhóis é 3,5 quilos e os irlandeses oito quilos.

“Estamos muito longe destes consumos e há uma margem enormíssima para crescer”, frisou.

Disse ainda que este o mundo dos cogumelos “é relativamente desconhecido dos portugueses” e que apesar aumento de consumo, não há ninguém a estimular o consumo nem a explicar os benefícios deste que classificou como “um superalimento”. “E essa vai ser a nossa função”, frisou.



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