A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) atribui hoje, em Vila Real, o doutoramento "Honoris Causa"  a Agustina Bessa-Luís como reconhecimento pela obra da escritora.

"A atribuição de um doutoramento "Honoris Causa"  a Agustina Bessa-Luís sublinha o reconhecimento, por parte da UTAD, do interesse da obra da autora e da sua ligação ao Douro", disse à agência Lusa o reitor da academia transmontana, António Fontainhas Fernandes, no início do mês, quando do anúncio da homenagem.

A homenagem coincide com o fecho do colóquio internacional "'Toda eu sou actividade, obras, relações, sentimentos': Conhecer Agustina Bessa-Luís e a sua obra", que teve início quinta-feira, na UTAD, mobilizando personalidades como os escritores Hélia Correia e Álvaro Manuel Machado, o investigador António Preto, a filósofa Maria Filomena Molder e o sociólogo António Barreto.

Organizado pelos professsores Artur Cristóvão e Isabel Alves, o colóquio percorre a vida e a obra da escritora, analisando o universo da sua escrita ("Entre medialidade e materialidade: o amor, a paixão, o sofrimento"), a sua relação com a imprensa ("Do 'mundo fechado' inicial ao 'mundo aberto' do jornalismo literário"), com o cinema e o realizador Manoel de Oliveira ("Par e ímpar: Agustina Bessa-Luís e Manoel de Oliveira"), com o país ("Portugal: a mátria de Agustina Bessa-Luís").

O programa inclui a projeção de documentários adaptados ou ficcionados de obras de Agustina Bessa-Luís, por Mónica Baldaque, com realização de Adriano Nazareth: "As Sibilas do Paço", "Fanny e a Melancolia", "Ema e o Prato de Figos".

A UTAD está a dedicar o ano de 2018 à escritora, com a realização de vários eventos, como colóquios, exposições e um ciclo de cinema.

Este ano assinalam-se também os 70 anos da publicação de "Mundo fechado", obra de estreia de Agustina Bessa-Luís, publicada em 1948.

"Agustina é uma das vozes mais importantes da literatura portuguesa, mas alguém com uma vida fértil em diversos domínios da cultura", salientou Fontainhas Fernandes.

O reitor citou Eduardo Lourenço para lembrar que "Agustina é incomparável", o que "sublinha o lugar de relevo que a sua obra ocupa no panorama das letras nacionais".

A escritora nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922, e possui mais de 50 títulos publicados, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis.

Muitas das suas obras estão traduzidas em diferentes idiomas e algumas adaptadas ao cinema, nomeadamente por Manoel de Oliveira.

Foi agraciada com prémios como o Prémio Eça de Queirós (1954), Prémio Nacional de Novelística (1967), Prémio D. Diniz (1981) Grande Prémio Romance e Novela (1983 e 2001), Prémio Camões (2004).

Foi igualmente distinguida com a Ordem de Santiago da Espada (1980) e Officier de l'Ordre des Arts e des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989).

Até à data recebeu três doutoramentos 'Honoris Causa', pela Universidade Lusíada, Universidade do Porto (ex aequo com Eugénio de Andrade) e Tor Vergata, de Roma.

A homenagem pela academia transmontana a Agustina Bessa-Luís partiu de um desafio lançado pelo presidente do Conselho Geral da universidade, Silva Peneda.

A UTAD já distinguiu com o doutoramento "Honoris Causa" , Alberto Núñez Feijóo (Junta Regional da Galiza), Fernando Santos (selecionador nacional), Manoel de Oliveira (cineasta), Luís Valente de Oliveira (académico e antigo governante), Luís Garcia Braga da Cruz (antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte), João Rosas Nicolau de Almeida (enólogo) e o Comité Olímpico de Portugal.



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