A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) concluiu a primeira parte do projeto vencedor do Orçamento Participativo de Portugal (OPP) “Contos e Lendas Transmontanos”, a qual resultou no resgate e catalogação de 99 narrações da tradição oral e suas variantes dos concelhos de Bragança e Vinhais.
Este trabalho foi desenvolvido, no âmbito de um protocolo com a Direção Regional de Cultura do Norte, e vai agora ser implementado nas comunidades escolares dos dois municípios com a colaboração da Academia Ibérica da Máscara, entidade igualmente parceira do projeto.
Os concelhos de Bragança e Vinhais, selecionados para o projeto, são considerados entre os mais ricos do país em património cultural imaterial vivo, assinalando-se a existência de um grande número de narradores ativos, o que permitiu incorporar, igualmente, no projeto 39 vídeos com os “contadores de histórias” a transmitirem de viva voz os seus contos e lendas, tal como os ouviram aos antepassados.
No espólio recolhido, sobressaem os contos populares, classificados de acordo com os catálogos internacionais, onde figuram os contos religiosos, contos de animais, contos de fadas, contos jocosos e anticlericais, entre outros, a par de um numeroso conjunto de lendas de lugares, de capelas, alminhas e cruzeiros, milagres, aparições da Virgem, tesouros em ruínas de castros e castelos, mouros guerreiros e mouras encantadas, lobisomens, bruxas, almas penadas, trasgos e demónios.
Ainda do domínio das lendas enquanto interpretações do povo sobre a “história oficial”, não faltam também alusões às atrocidades do reino de Castela, sobressaindo em Vinhais o mito de Gasparona, uma heroína local que com dois chuços nas mãos afugentou “meio exército de castelhanos”.
Por sua vez, no concelho de Bragança, sobressai o mito do Conde de Ariães que, arrependido dos pecados terríveis que cometeu em vida, um deles foi atirar a sua mãe aos leões, antes de morrer introduziu-se num túmulo de pedra cheio de serpentes para aí ser devorado por elas e assim obter as bênçãos de Deus.