Na próxima quinta-feira, 10, o Centro de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS) do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro vai devolver à Natureza um abutre-preto (Aegypius monachus), a maior ave que ocorre em território nacional, divulgou a UTAD em comunicado.
Segundo a mesma fonte, a libertação acontecerá, a partir do meio-dia, no miradouro do Carrascalinho (situado em Fornos, no concelho de Freixo de Espada à Cinta), em pleno Parque Natural do Douro Internacional (PNDI). Só este ano, o CRAS já devolveu mais de 50 animais ao seu habitat.
Esta ave de rapina, que está referenciada como espécie “criticamente em perigo” em Portugal, chegou ao CRAS em outubro último. Apresentava uma asa fraturada na sequência de um disparo enquanto sobrevoava o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Foi submetida a uma cirurgia ortopédica e a tratamento de suporte.
“Depois de ossificada a fratura, iniciou um processo de fisioterapia e de reabilitação motora, até recuperar a forma física. Nesta última fase, esteve num túnel de voo com outros abutres para socializar e poder demonstrar os comportamentos sociais típicos da espécie”, relata Filipe Silva, diretor do Hospital Veterinário da UTAD.
O comunicado sublinha que, a partir de agora, todos os voos deste abutre-preto vão ser monitorizados pela equipa do projeto “Life Aegypius return”, através do sistema de posicionamento global (GPS). “O seguimento por GPS permitirá obter mais informação sobre os seus movimentos e a longevidade daqui em diante”, refere Filipe Silva.
O abutre-preto pode atingir os três metros de envergadura e nidifica quase exclusivamente em árvores (ocasionalmente, pode nidificar em penhascos). Trata-se de uma espécie monogâmica, necrófaga e não migratória, mas os indivíduos juvenis realizam frequentemente movimentos de dispersão.
O momento da libertação no miradouro do Carrascalinho será acompanhado por membros do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), da Palombar – Associação de Conservação da Natureza e Património Rural, do Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA), por vigilantes da Natureza do PNDI e por quem quiser assistir.