Depois de uma doença de que já vinha sofrendo, uma das vacas do agricultor Boaventura Moura acabou por morrer no passado sábado, cerca das 22h00. Seguindo as instruções que, por escrito, o INGA enviou aos agricultores há alguns meses, Boaventura Moura tentou contactar este organismo através da linha telefónica disponível para o efeito, no sentido de ser feita a recolha do cadáver do animal. \" Só no dia em que a vaca morreu, fiz mais de 20 chamadas, mas não consegui falar com ninguém\", explica o agricultor, que apenas conseguiu que alguém lhe respondesse do outro lado da linha na manhã de domingo.
Segundo o agricultor, a pessoa que o atendeu registou a ocorrência, depois de lhe pedir os dados identificativos do animal, e atribuiu-lhe uma referência. Nesse mesmo dia, Boaventura Moura garante ter recebido outra chamada em que era dito que a vaca seria retirada segunda-feira à tarde, já que ao domingo o serviço de recolha não é prestado. Porém, até ao final da tarde de terça-feira, o animal permanecia no estábulo do agricultor. \"Um senhor que tem a residência a 50 metros do meu estábulo já me ameaçou que ia fazer queixa de mim à GNR por causa do mau cheiro\", revela o agricultor, que, irritado com os serviços prestados pelo INGA, acabou por enterrar o cadáver ele mesmo.
Confrontada com a situação, fonte do INGA ligado ao serviço de recolha de cadáveres referiu apenas que, nestas situações, quando as empresas contratadas pelo instituto para este serviço não conseguem fazer a recolha nas 24 horas após a comunicação da morte, são dadas instruções ao agricultor para que ele próprio enterre o animal. \"Normalmente, é isto que acontece\", referiu a mesma fonte do instituto, não comentando este caso em concreto.
Boaventura Moura assegura, no entanto, que a instrução que recebeu do INGA foi a de aguardar, \"caso contrário teria sepultado o animal logo no domingo\".
O serviço de recolha de cadáveres por parte do INGA só está em funcionamento desde o início do mês de Fevereiro e, teoricamente, surgiu no sentido de \"preservar a saúde pública\". Agora, os animais são destruídos depois de um teste rápido à BSE (mais conhecida por doença das vacas loucas). Até então, os animais mortos eram enterrados pelos próprios agricultores, embora estes tivessem de dar conhecimento da morte do animal aos serviços locais da direcção regional de veterinária.