Um homem que manteve a mulher presa com uma corrente a um tanque durante oito dias viu hoje ser-lhe decretada a prisão preventiva pelo Tribunal de Mirandela, no distrito de Bragança.

Segundo contou à Agência Lusa o comandante do destacamento de Mirandela da GNR, João Gonçalves, aquela força policial foi alertada sábado para a situação desta mulher da aldeia de Vale de Juncal, que apresentava um estado de \"debilidade física\" que obrigou ao seu internamento no hospital de Mirandela, onde ainda se encontra .

O director clínico da unidade de saúde, Américo Magalhães, disse à Lusa que \"a senhora está bem\", mas vai ficar mais alguns dias internadas para equilibrar o estado de \"deficiência alimentar e desidratação\" em que se encontra.

A vítima apresenta também hematomas e escoriações no corpo.

Segundo o comandante da GNR de Mirandela, a mulher de 45 anos foi acorrentada pelo pescoço com uma corrente em ferro de 13 quilos a um tanque de cimento de lavar roupa, no quintal da habitação, durante oito dias.

De acordo com a fonte, a vítima conseguiu soltar-se e foi pedir ajuda a uma vizinha, sábado, por volta da hora da almoço, altura em que a GNR recebeu a denúncia telefonicamente.

O comandante contou que quando os guardas chegaram ao local apanharam o homem de 48 anos em flagrante delito usando da força para levar a esposa de volta a casa.

O indivíduo foi detido e presente em Tribunal segunda-feira, tendo-lhe sido decretada prisão preventiva pelos crimes de sequestro e maus tratos e incorre numa pena que pode ir até dez anos de prisão.

Segundo fonte judicial, o crime de sequestro pode ser punido com pena de prisão de dois a dez anos, se a privação da liberdade durar mais de dois dias ou for precedida ou acompanhada de ofensa à integridade física grave, tortura ou outro tratamento cruel ou desumano.

Dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) indicam que morrem por ano cerca de 60 mulheres em Portugal em consequência de maus-tratos e violência doméstica.

De acordo com a Comissão Nacional para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM), foram apresentadas em 2003 nas autoridades policiais e judiciais cerca de 14.000 queixas de violência doméstica, número considerado \"ínfimo\" relativamente à realidade.

Vinte e dois por cento das queixas de violência doméstica em Portugal têm origem no distrito do Porto, segundo dados revelados em Março pela dirigente do Clube do Porto da associação Soroptimist (\"O melhor para as mulheres\") Teresa Rosmaninho.

Segundo a associação União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), os pedidos de apoio de vítimas de violência doméstica recebidos pelo seu centro de atendimento no Porto confirmaram que este tipo de actos atravessa todas as classes sociais, desde mulheres licenciadas e com mestrado até desempregadas sem escolaridade.



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