Desde 1994 que a Câmara Municipal vinha a manifestar interesse em adquirir o celeiro da EPAC, existente na rua da Estação, sendo um dos propósitos o de lá instalar a central de camionagem. Até meados do mês de Março deste ano ainda a EPAC não tinha decidido sobre a venda do celeiro, situação que só se veio a verificar em Maio. Porém, a base de licitação de 140 mil contos, então apresentada por aquela empresa pública, fez o município perder o interesse pelo imóvel, motivo pelo qual levou uma empresa de construção civil a comprá-lo. Esta situação não agrada aos comerciantes da zona.
O processo remonta ao tempo em que o celeiro de Morais foi vendido a um particular, não obstante o interesse manifestado pela Câmara Municipal, que o pretendia adquirir para lá instalar um ginásio para uso da população da freguesia. Na época a polémica resultou na demissão do chefe de divisão do Ambiente da autarquia, pelo seu alegado envolvimento no negócio com a pessoa que o adquiriu. A partir daí, atendendo às pressões exercidas pela oposição de então, o município passou a interessar-se pela compra do celeiro de Macedo, manifestando esse interesse através de uma correspondência regular, sempre que o "boato" da eventual venda corria pela cidade.
Em Outubro de 1996, ainda a EPAC informava o presidente da Câmara Municipal que "o boato é absolutamente abstruso", pois a empresa continuava com "os armazéns activados". Mas em Março deste ano, o livro começava finalmente a abrir-se, embora com a reserva de que não havia "decisão superior sobre o assunto". Esta viria a verificar-se, de facto, dois meses depois, mais propriamente em 25 de Maio, data em que aquela empresa pública colocava a aquisição do imóvel em concurso público, propondo a verba de 140 mil contos como base de licitação. O presidente da autarquia é que não estava nada a contar com uma proposta de valor tão elevado, tendo decidido, por isso, levar o assunto a reunião de Câmara, onde depois de discutida, foi colocada de parte, por unanimidade, a possibilidade de o município adquirir o imóvel.
Esta posição surge porque, na perspectiva do presidente da Câmara, Luís Vaz, "o município não se ia pÎr agora a competir com a iniciativa privada como concorrente de interesses imobiliários". Entretanto, segundo o autarca, o município já estava em negociações com a CP, no sentido de adquirir a estação e os armazéns, cujas instalações pretende reabilitar, bem como a linha dos caminhos de ferro, para fins turísticos. Por outro lado, a Câmara Municipal já tinha decidido construir a central de camionagem no local do seu parque de máquinas, situado junto à zona escolar. A solução deriva do facto de os estudantes serem, entre a população, os que potencialmente mais irão utilizar os autocarros.
Alguns comerciantes, porém, conhecedores dos benefícios que a eventual construção da central de camionagem no lugar ocupado pelo celeiro lhes traria, contestam a forma como a autarquia deixou aquele património ir para as mãos de um particular, no caso o empresário local de construção civil, Guilherme Afonso, cujas intenções não lhes dão garantias "de que ali não irá nascer um maciço mamarracho de betão".
Pelo contrário, Luís Vaz assegura que o construtor terá de respeitar as regras previstas pelo PDM para o local, bem como os índices de construção previstos, os lugares de estacionamento, as áreas verdes, etc, princípios de que o município não abdicará quando lhe for proposto para análise o pedido de viabilidade. Além disso, o PDM estabelece, para aquela área, a construção de prédios com apenas três andares e garagem.
Para tranquilizar os comerciantes, o autarca pretende, não só a reabilitação urbana da avenida da estação, faltando só assentar nos meios de financiamento que estão a ser negociados com o Governo, mas também a construção de um edifício onde irão ser instalados os Serviços de Segurança Social, bem como a Repartição de Finanças e a Tesouraria. O objectivo da entrada em funcionamento destes serviços, seria a revitalização da componente comercial daquela zona.