A Câmara de Valpaços mobilizou presidentes de junta e população e, em dois dias, foram identificados cerca de 150 cidadãos que regressaram do estrangeiro ou do Litoral português que serão notificados a cumprir quarentena devido à covid-19.

Em simultâneo, colocou três carrinhas com avisos sonoros a percorrer as 118 aldeias do município, agrupadas em 25 freguesias, bem como as áreas próximas das farmácias e dos supermercados.

Amílcar Almeira, presidente da Câmara de Valpaços, no distrito de Vila Real, disse à agência Lusa que tem sido um trabalho em “várias frentes” para a informação de que “é obrigatório cumprir isolamento profilático de 14 dias” chegar a todos os que decidiram regressar à terra natal.

“Tem chegado ao nosso concelho, diria mesmo a toda a região do Alto Tâmega, muita gente não só do estrangeiro como também de diferentes pontos do país. E tem sido denunciado junto dos serviços da Proteção Civil que nem toda a gente está efetivamente a respeitar as medidas transmitidas”, referiu o autarca.

Isto é, acrescentou, “alguns chegam e vão em número elevado às compras, não respeitando as recomendações e obviamente estão a perigar a saúde pública”.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte determinou na sexta-feira o isolamento profilático de 14 dias para todos os cidadãos que regressem do estrangeiro, independentemente da nacionalidade e país de origem, para a contenção do risco de contágio da Covid-19.

Na área do Alto Tâmega e Barroso, que inclui os concelhos da zona Norte do distrito de Vila Real, o isolamento profilático obrigatório estende-se aos cidadãos provenientes das regiões do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, as áreas de Portugal mais afetadas.

Em Valpaços, o município mobilizou os presidentes de junta e todos os cidadãos residentes no concelho e, segundo o autarca, entre sábado e domingo, foram identificadas à “volta de 150” pessoas que regressaram recentemente, informação que vai ser transmitida, via Centro Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, à GNR para que “sejam efetivamente notificados” a cumprir a quarentena.

“Não é para criar alarme social. Não queremos afugentá-los porque são importantes no nosso concelho, tão somente pedimos, neste momento, responsabilidade quanto aos seus comportamentos”, sustentou.

O presidente apelou a que “fiquem em casa”, se for possível “que peçam a familiares ou vizinhos para lhes irem às compras” ou até que solicitem aos serviços do município, que estão já a ajudar os idosos e doentes crónicos.

“Isto é um caso sério. Não devemos ter medo, devemos substituir o medo por responsabilidade”, frisou.

Segundo o boletim epidemiológico do Alto Tâmega e Barroso, no domingo havia três casos confirmados de infeção por covid-19 neste território, dois em Chaves e um em Valpaços.

Amílcar Almeida referiu que o caso de Valpaços é o de um homem de 73 anos, com residência habitual na cidade de Valpaços, e cuja via de transmissão “parece estar associada a um dos casos já confirmados em Mirandela”.

O autarca considerou importante esta divulgação para a “consciencialização” das populações.

“As pessoas têm de saber que não se passa só lá fora ou nos grandes centros urbanos. A notícia de um caso em Valpaços faz com que se remetam mais ao isolamento”, apontou.

O presidente transmontano lamentou que o país tenha perdido “muito tempo” com questões como o aeroporto no Montijo e agora se constate que “os hospitais, a Direção-Geral da Saúde (DGS), não estão preparados para enfrentar este surto”.

Criticou ainda o Governo “que não passa cartão” aos autarcas que estão, neste momento, por sua “própria conta” a tentar “atenuar e minimizar” o impacto da pandemia.

Por fim, deixou um agradecimento aos heróis que “ainda transmitem confiança às populações”, como os profissionais de saúde, as forças policiais, os padeiros ou os agricultores.

 

Uma breve volta por Valpaços mostra a cidade, vazia com toda a população a seguir o recomendado ficando em casa.

Fotos de @Carlos do Espirito Santo 


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