A Câmara de Valpaços reclamou ao Governo medidas “urgentes e muito concretas” para apoiar os agricultores que este ano sofreram quebras de produção de 70% na castanha, de 50% no azeite e amêndoa e 30% no vinho.

O município do distrito de Vila Real pediu, numa tomada de posição remetida ao Governo e ao Presidente da República e que foi divulgada hoje, um “apoio financeiro direto, a título compensatório, tendo por base o diferencial entre a faturação desta campanha e a média aritmética dos últimos três anos”.

“Só adotando este tipo de medidas é que se consegue fixar as populações no Interior”, afirmou a autarquia presidida por Amílcar Almeida.

A agricultura é o principal setor de atividade do concelho e é, segundo o município, responsável por gerar um “volume anual de transações no valor de 150 milhões de euros”, com destaque para a castanha, o azeite, o vinho e a amêndoa.

No entanto, sublinhou, o ano agrícola de 2022, ficou marcado por uma “quebra muito acentuada” nestas produções, devido ao tempo quente e seco, resultando “num prejuízo de milhares de euros na economia local, com consequências nefastas no rendimento de muitas famílias”.

Segundo a autarquia, no setor da castanha as quebras na produção calculam-se em “cerca de 70%”. Num ano normal a colheita ronda, em média, as 12 a 15 mil toneladas deste fruto, o que equivale a cerca de “50 milhões de euros”.

Na zona da Serra da Padrela, que abrange uma grande área do concelho de Valpaços, encontra-se “a maior mancha contínua de castanheiros de toda a Península Ibérica”.

Esta zona do concelho é de monocultura deste fruto pelo que, de acordo com a câmara, o apoio é “determinante para a sobrevivência das populações que aí residem”, lembrando ainda que a “cultura da castanha tem sido ameaçada por várias doenças”, como o cancro do castanheiro, a doença da tinta e a vespa das galhas do castanheiro.

Relativamente à produção de azeite, a autarquia apontou para quebras na “ordem dos 50%” e referiu que a produção média de azeitona é de 13 mil toneladas no concelho, onde existem 6.000 hectares de olival.

No setor da amêndoa, as quebras são na ordem “dos 50%” em Valpaços, o sexto maior concelho produtor deste fruto de Trás-os-Montes, com uma área aproximada de 1.600 hectares.

Quanto à vinha, as quebras situam-se na “ordem dos 30%”.

O município enumerou ainda outras dificuldades que se verificaram em 2022, como o aumento dos custos de produção e dos combustíveis.

A tudo isto acresce a falta de mão-de-obra, as dificuldades de escoamento dos produtos e a escassez de reservas de água.

“Considerando que todos estes fatores contribuem manifestamente para o abandono da terra e consequentemente o despovoamento do território já por si tão fragilizado, torna-se imperioso que o Estado Central adote urgentemente medidas que visem mitigar as dificuldades por quem trabalha e vive da terra”, salientou o município.



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