A Câmara de Valpaços reivindicou hoje a construção de uma barragem para rega, consumo humano e produção de energia na zona da Padrela, um investimento de 18 milhões de euros para preparar o concelho para períodos de seca.
Amílcar Almeida, presidente deste município do distrito de Vila Real, destacou a aposta no setor primário que rende ao concelho cerca de 150 a 180 milhões de euros por ano e onde “praticamente não há terras ao abandono”.
Nesse sentido, o autarca reivindicou a construção de uma barragem, entre as localidades de Tazém e Cabanas, na zona Norte do concelho e onde estão a ser feitos grandes investimentos na área da agricultura.
A barragem servirá para a rega na agricultura, para o consumo humano, lazer, a produção de energia e para preparar o território para períodos de falta de água, cada vez mais frequentes devido às alterações climáticas.
“Pela morfologia do território entendemos que conseguimos fazer com que a água possa chegar por gravidade a cinco freguesias importantes na produção de castanha, azeitona, amêndoa, maçã e de ouros novos produtos, como góji e o mirtilo”, salientou.
Numa primeira fase, segundo o presidente, o empreendimento terá uma capacidade de rega de 1125 hectares, podendo, depois, vir a ser criados canais para levar a água a outras freguesias.
A câmara mandou fazer e pagou o estudo da barragem, mas o autarca defende que o projeto deve ser conjunto entre o município e o Estado português, através da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN).
Amílcar Almeida espera que o projeto “mereça a aprovação por parte do Ministério da Agricultura” para que a candidatura seja apresentada em conjunto e salientou que espera ainda que o “aviso seja aberto nas próximas semanas”.
O autarca disse que o país não pode “olhar só para o Alqueva e para o Alentejo” e que é preciso potenciar os territórios do Interior Norte.
A barragem, segundo acrescentou, poderá também servir o município vizinho de Vila Pouca de Aguiar.
Amílcar Almeida referiu que neste concelho essencialmente agrícola, a castanha é o produto mais rentável, correspondendo a um volume de negócios que ronda os “50 milhões de euros por ano”.
A castanha da serra da Padrela é um produto de Denominação de Origem Protegida (DOP) que tem “um alcance mundial”, estando presente em mercados desde a Europa aos Estados Unidos da América.
“Aqui praticamente não há terras ao abandono. As pessoas continuam a trabalhar a terra e a apostar na mecanização atendendo à falta de mão de euros que já se vai fazendo sentir”, salientou.
Foto: Rui Coelho