O Executivo da Câmara de Bragança está disposto a gastar todos os recursos financeiros do município, e a abdicar do desenvolvimento de outros projectos, afectando todas as verbas para a construção da barragem das Veiguinhas.

A autarquia quer ainda realizar um referendo para auscultar a opinião dos brigantinos sobre a construção do empreendimento, e posteriormente solicitar ao Governo que lhe seja concedido o estatuto de interesse público, para que a sua execução possa avançar.

O ultimato foi feito ontem pelo presidente da Câmara, Jorge Nunes, durante uma conferência de imprensa para dar conta da situação do abastecimento de água à cidade, visto que as reservas de água só garantem fornecimento para mais 40 dias.

O abastecimento está a ser feito a partir da barragem da Serra Serrada, no Montesinho, que está a 10% da sua capacidade de armazenamento, e dos sistemas complementares dos rios Sabor e Baceiro, \"que estão já numa situação muito débil\", explicou o autarca. A precipitação acumulada corresponde a 54,5% da média anual dos últimos 25 anos, e é menos 80% do que no ano passado.

Ao longo da próxima semana poderão realizar-se reuniões para encontrar uma solução de emergência e evitar a ruptura.

A construção de Veiguinhas foi considerada fundamental em 1999 para repor 30 por cento da capacidade de abastecimento, uma vez que a Serra Serrada só satisfaz 70%. No entanto, o Ministério do Ambiente já chumbou duas vezes o projecto. Jorge Nunes diz que desde 1998 tem sido \"um calvário\", acusando o Instituto de Conservação da Natureza e o Parque de Montesinho de \"manipularem\" o processo, por razões de \"fundamentalismo\".

Na segunda-feira a Câmara vai avançar com uma campanha de sensibilização para a poupança de água. Apesar de os consumos revelarem que a população já está sensibilizada, pois entre 2004 e 2007 foram realizados mais três mil novos contractos, mas ao contrário do esperado registou-se uma redução do consumo, na ordem dos 400 mil metros cúbicos (m3). \"Se o consumo estivesse nos níveis de 2004 já não havia água\", esclareceu o autarca. Esta redução ficou também a dever-se a uma maior eficácia na gestão.



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