O líder do Chega, André Ventura, voltou hoje a insistir na ideia de que há políticos a mais em Portugal, apesar de o país estar abaixo na média europeia no número de deputados por cem mil habitantes.

Num discurso, junto ao mercado de Mirandela, concelho de Bragança que lhe deu 20% dos votos nas eleições presidenciais, Ventura voltou a pegar em temas recorrentes da campanha, como o fim das portagens, uma pensão mínima garantida ou as acusações de subsidiodependência.

Frisando que a sua campanha “não é uma brincadeira” e que é “a voz incómoda”, André Ventura frisou que quer uma descentralização do país, mas não um processo que crie mais cargos políticos.

“Políticos já temos a mais. Temos é que ter quem trabalhe e quem faça este país andar para a frente”, disse, contrariando um estudo recente da Divisão de Informação Legislativa Parlamentar da Assembleia da República que refere que Portugal tem 2,23 deputados por cada cem mil habitantes, contra uma média europeia de 3,38 deputados por cem mil habitantes.

André Ventura acredita que a regionalização idealizada pelo PS será para criar mais despesa, referindo que não são precisos “governadores regionais, parlamentos regionais nem políticos”.

Para o líder do Chega, é necessária “uma descentralização política”, mas que não acrescente despesa em cargos políticos.

Já antes, durante a arruada, André Ventura centrava-se na mesma ideia, insistindo de que há “um excessivo número de lugares políticos para gerir poucas competências e poucos recursos”.

“Temos cerca de 27 mil membros de freguesias e mais de mil deputados municipais”, protestou o líder do partido de extrema-direita (um deputado municipal ganha apenas senhas de presença que variam mediante a dimensão das cidades, entre 61 e 84 euros por sessão, e os membros de assembleia de freguesia recebem entre 13 e 18 euros por sessão).

Durante a arruada, Ventura recebeu várias palavras de apoio, enquanto ia comprando produtos regionais nas lojas por onde foi parando – azeite, uma linguiça e uma alheira -, numa ação com pouco mais de três dezenas de apoiantes, mas vocal, sempre a gritar “Chega!” e “Abaixo o socialismo”.

A determinado ponto, um dos simpatizantes, gritou “Abaixo o jornalismo da treta”, mas rapidamente elementos da comitiva pediram-lhe para parar, que anuiu.

Na arruada, houve ainda tempo para Ventura falar da sua relação com Rui Rio com recurso aos seus animais de estimação.

Ventura acredita que a foto que publicou na rede social Twitter da sua coelha, a Acácia, irá “bater aos pontos as dos outros”, apesar de reconhecer “que o Zé Albino [gato de Rui Rio] tem a sua graça”.

Questionado sobre se um gato e um coelho poderão ter uma boa relação, Ventura recordou que já viu “imagens de gatos a darem-se bem com coelhos”.

“Se calhar, devíamos pô-los juntos e tirarmos as conclusões”, disse,

Sobre se será mais fácil uma relação com Rio do que com Passos Coelho, que tem criticado nos últimos dias, o líder do partido de extrema-direita respondeu que “há coelhos e coelhos”, mas que o único que é “para continuar” é a Acácia.

“A Acácia vai ficar em primeiro”, disse, acreditando que esta terá mais sucesso que os restantes animais de estimação de políticos que por estes dias têm animado o Twitter.

Em Chaves, numa quinta de casamentos e batizados, na quinta-feira à noite, Ventura salientou que o Chega tem que “mostrar aos portugueses” que está disposto “ao sacrifício”, mesmo quando lhes toca.

“Connosco podem ter uma certeza: Que não haverá cortes de salários, sem que o primeiro salário a ser cortado seja o nosso e o de todos os políticos. Não haverá cortes de pensões, sem que os políticos sejam os primeiros a dar o exemplo em Portugal. Não haverá cortes nos funcionários públicos, sem que os políticos sejam os primeiros a serem cortados. E não haverá cortes na classe média, sem que sejamos nós os primeiros a pagar por esses cortes e por esses impostos”, afirmou André Ventura, no discurso de encerramento de um jantar-comício em Chaves, distrito de Vila Real.

“Agora é que temos que liderar pelo exemplo”, referiu.

Ventura apontou também para a falta de desinvestimento no interior, defendeu novamente a redução de cargos políticos na administração local e central, falou da necessidade de se descentralizar e prometeu um Ministério das Comunidades, para apoiar os emigrantes portugueses, num discurso em tom inflamado.

“Nós não nos podemos moderar”, asseverou André Ventura

No distrito de Vila real o partido Chega aposta forte com a candidatura de cabeça de lista Manuela Tender, ex deputado da PSD e que pretende ser eleita para ser a voz da região.



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