A assembleia de credores da Sousacamp, maior produtor de cogumelos ibérico, marcada para quarta-feira foi adiada para 03 de março por pedido do administrador de insolvência e aceite pela juíza do Tribunal de Vila Flor, em Trás-os-Montes.
A informação foi avançada hoje à Lusa pelo administrador judicial, Bruno Costa, que explicou que o fundamento para o pedido foi o mesmo que já tinha levado ao adiamento da assembleia de 30 de janeiro e que se prende “com a necessidade de fechar o acordo com os credores”.
Segundo o responsável, o requerimento para o adiamento foi apresentado na segunda-feira com a concordância dos maiores credores dos 60 milhões de euros de dívida do grupo sediado em Vila Flor, nomeadamente o Novo Banco, a Caixa Agrícola e o IFAP- Instituto de Financiamento Agrícola e Pescas.
Em causa estão negociações com os maiores credores, como já tinha explicado anteriormente o administrador judicial, que implicam repensar projetos em curso no grupo para os tornar viáveis, conformando desta forma o plano de viabilização com a realidade atual do grupo.
“Há negociações que estão em curso entre credores tendentes a que os planos se ajustem ao que a empresa precisa”, afirmou a 30 de janeiro, referindo-se a projetos que estão em curso na última década financiados por fundos públicos.
Segundo o administrador, o plano de viabilização continua a contemplar a dispensa, por mútuo acordo, de 90 trabalhadores, a maior parte na unidade de Paredes, e cerca de seis trabalhadores, em Benlhevai, na sede da empresa para onde está projetado acabar com a produção do composto para produção de cogumelos.
O administrador indicou ainda que “mais de 20 trabalhadores já aceitaram o mútuo acordo”.
A decisão de dispensar trabalhadores está a ser contestada pelos visados com o apoio do sindicato do setor, o SINTAB, que protestaram à porta do Tribunal de Vila Flor, na última assembleia.
A proposta de viabilização que está em análise e para votação na assembleia de credores é da gestora de capital de risco CoReEquity, que obteve, em dezembro, autorização da Autoridade da Concorrência para entrar no capital do grupo transmontano.
A proposta prevê um perdão de 40 dos 60 milhões da dívida do Grupo Sousacamp, sendo o maior credor a banca, nomeadamente o Novo Banco. Foi com a queda do antigo Banco Espírito Santo (BES) em 2014 que o maior produtor de cogumelos ibérico começou a ter dificuldades.
O grupo já teve outra proposta de aquisição que foi rejeitada pela assembleia de credores.
A entrada do novo investidor e a concretização da intenção de aquisição está dependente da aceitação ou não da atual proposta de viabilização, cuja votação volta a ser adiada para 03 de março.