O ministro dos Negócios Estrangeiros apontou hoje como "aposta essencial" do programa de comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães a transformação dessa expedição num tema transversal às atividades de diversas entidades e instituições.

Augusto Santos Silva falava na sessão de apresentação do plano de comemorações - que decorrerão entre 2019 e 2022 -, no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Lisboa, com a presença da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.

"A aposta essencial deste programa é transformar Magalhães, a expedição de Magalhães e as redes magalhânicas num tema, uma espécie de mote contínuo que ilumine o que as escolas, os centros de investigação, a Marinha e os restantes ramos das Forças Armadas, a ação cultural externa, as instituições culturais públicas, as nossas redes de turismo e os nossos sistemas de apoio ao empreendedorismo fazem de 2019 a 2022", disse o ministro.

A ideia é, "em vez de ter um pequeno núcleo de atividades exclusivamente dedicadas às comemorações, ter estas comemorações, esta efeméride, este exemplo e esta inspiração como um mote, um alimento" para o que diversas entidades de diversos setores "podem fazer para pensar o mundo de hoje", explicou Santos Silva.

O ministro frisou que "aquilo que Magalhães e os outros fizeram em 1519 foi pensar o seu mundo, as oportunidades do seu mundo, as descobertas possíveis, as maneiras possíveis de abrir novos caminhos e novos espaços".

"E é também isso que nos importa fazer hoje: pensar a globalização de hoje sabendo que podemos inspirar-nos na globalização do tempo de Magalhães", observou.

"O exemplo de Magalhães pode servir para pensarmos melhor hoje temas que são centrais para o nosso presente e o nosso futuro próximo: o tema dos oceanos - como preservar os oceanos, como governar os oceanos, como aproveitar sustentavelmente a enorme riqueza dos oceanos -, o tema das comunicações entre as pessoas, o tema da cooperação entre países diferentes, entre povos diferentes, e sempre, sempre, o tema da ciência, da tecnologia, do casamento entre o conhecimento da ciência e a sua aplicação tecnológica - é esta a lógica de organização destas comemorações", resumiu.

Foi criada "uma comissão nacional, cuja primeira reunião decorreu hoje à tarde, que junta aos diferentes ministérios implicados as duas regiões autónomas, os municípios portugueses, as freguesias portuguesas, as universidades e demais instituições de ensino superior públicas e privadas, as cidades especificamente organizadas na sua rede, as fundações e as sociedades científicas -- para que seja o contributo de todas a dar a natureza nacional, múltipla e diversificada que estas comemorações exigem e que esta expedição merece", precisou.

Outra dimensão destas comemorações salientada pelo chefe da diplomacia português foi "a dimensão internacional, porque a expedição foi, ela própria, um esforço de cooperação, só se fez porque cooperaram pessoas provenientes de vários países, provenientes de várias origens".

"E a concertação entre os países, as culturas, a cooperação entre as sociedades é o alimento essencial de que nós precisamos para enfrentar os problemas que nos tocam hoje a todos", defendeu.

Por essa razão, no final do primeiro trimestre deste ano, será apresentado "em Espanha, com a presença dos portugueses, e em Portugal, com a presença dos espanhóis", o programa de atividades conjuntas luso-espanholas para celebrar a Viagem de Circum-navegação de Magalhães e de Elcano.

E, acrescentou, "também, por isso mesmo, nós estamos a trabalhar ativamente com outros países, como o Chile ou o Uruguai, que também eles vão comemorar esta expedição, porque o trajeto de Magalhães, projetado no nosso presente e no nosso futuro, é um projeto que simboliza bem aquele que é o lugar e o papel de Portugal hoje no mundo: uma ponte que liga a Europa, a América Latina, a África e a Ásia".

"Não é apenas Portugal que faz esse papel de ponte, vários outros países o fazem, a começar pela nossa vizinha Espanha, mas nós gostamos de pensar que o fazemos à nossa maneira - não quer dizer que seja mais ou menos espetacular que a maneira dos outros, é apenas a nossa maneira", comentou.

"E chamando Magalhães em nosso auxílio, nós percebemos bem o que é essa maneira: sermos um pouco destemidos, procurarmos saber o que importa saber em cada momento e não ter medo de, com esse saber, desafiar as fronteiras criando novas fronteiras", descreveu, acrescentando: "Se a fronteira mais importante que nós temos que abrir hoje é a da cooperação internacional entre vários continentes e vários países, Magalhães é uma boa ajuda para isso".

Também a ministra do Mar destacou a importância destas comemorações para se refletir sobre o mundo atual.

"É, de facto, uma grande iniciativa que vai procurar trazer para os dias de hoje aquilo que foram acontecimentos que marcaram o mundo: o início da globalização, o início da inovação tecnológica que permitiu aumentar o conhecimento, e também o início da nossa forma de estar, que é fazer parcerias, e através de parcerias, sejam elas locais, com Espanha ou a nível global, levar o melhor de nós e trazer o melhor que conseguirmos trazer, que é exatamente esse princípio de unirmos as mãos naquilo que são matérias globais - e, cada vez mais, as matérias de economia, as matérias sociais, as matérias ambientais são matérias globais", declarou Ana Paula Vitorino à imprensa no final da sessão.



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