Em Vila Real e Bragança uma nova forma de prostituição está a surgir. Cada vez mais estudantes universitárias, aliciadas pelo dinheiro fácil, se dedicam à mais velha profissão do mundo. O DN falou com três jovens estudantes, oriundas do Sul do País, que, sob nomes falsos, contaram como levam uma vida dupla.
As três admitem que a opção foi feita para terem uma vida desafogada, sem contar os tostões, podendo num só dia pagar a renda do apartamento. \\"A vantagem deste tipo de trabalho é não andar sempre a contar os euros\\", diz Vânia, estudante de 19 anos, a frequentar o segundo ano de um curso no Instituto Politécnico de Bragança. \\"Não é em todos os empregos que se consegue 200 ou 300 euros por dia. Com o que trazemos de casa, mal conseguimos sobreviver e assim vivemos melhor, sem termos de nos preocupar se o dinheiro vai chegar até ao fim do mês.\\"
Foi Cindy, de 21 anos, a frequentar o terceiro ano do mesmo curso, que abriu as portas deste mundo a Vânia. Ambas partilham o apartamento e a carteira de clientes. Contactos que, afirmam, são feitos boca a boca, recusando recorrer aos anúncios em jornais para evitar riscos e encontros indesejados. Apesar da vida dupla, Cindy mantém o aproveitamento na universidade sem nunca ter deixado uma cadeira para trás.
Também em Vila Real, o fenómeno está a crescer. Vera, de 24 anos, a estudar na Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro (UTAD), \\"para manter o nível de vida\\" dedica-se à prostituição. Mas admite que na cidade do Marão \\"o negócio é mais difícil e é muito complicado passar despercebida\\". Por norma, explica, \\"não aceito encontros ao primeiro contacto\\". Vera vive no sobressalto de se cruzar, nesta vida dupla, com alguém da UTAD, o que traria \\"um enorme constrangimento\\", admite.
A vida para Vera, neste momento, não está fácil. Cobra 5o euros por cliente e assegura que não abdica da protecção. Considera que os seus clientes \\"vão dando para viver e poder acabar o curso\\", embora já não seja tão solicitada como há dois ou três anos, pois a concorrência de outras universitárias tem vindo a crescer.
Vera recusa receber clientes em casa, optando por trabalhar em hotéis. O mesmo procedimento adoptaram Vânia e Cindy. Trabalham em hotéis e com clientes certos. \\"Tenho bons clientes, da chamada classe alta, com bons empregos e até com cargos de chefia ligados ao Estado\\", afirma Vânia. São eles que passam a palavra uns aos outros, diz, adiantando que \\"desde que me apeteça trabalhar, numa noite posso fazer 300 euros\\".
Reconhece que alguns dos seus clientes \\"têm gostos esquisitos\\", principalmente \\"os mais velhos\\". Mas Vânia não se coíbe. \\"Como pagam bem, alguns mais do que eu peço, estou sempre disponível.\\" Há uma coisa apenas em que a jovem não transige. \\"Beijos são só para o meu namorado.\\" Vânia e Cindy acreditam que esta vida vai terminar mal tenham o diploma na mão. Mas das duas, apenas Cindy tem feito um pé-de-meia.