A Associação de Regantes do Vale da Vilariça desafiou hoje as entidades locais a trabalharem em conjunto para a certificação do pêssego desta zona de Trás-os-Montes com Indicação Geográfica Protegida (IGP).

Este fruto destaca-se entre a diversidade de culturas do Vale da Vilariça, que tem das maiores manchas de pomares e é o maior produtor ibérico no concelho de Vila Flor, segundo o presidente da Câmara Municipal, Pedro Lima, que manifestou disponibilidade para aceitar o desafio.

“O município está disponível a fazer o que seja necessário para ajudar um produto que já se impôs no mercado e que agora só falta o reconhecimento oficial”, disse à Lusa o autarca.

O pêssego é um produto diferenciador daquele que é considerado um dos vales agrícolas mais férteis de Trás-os-Montes e a possibilidade de criar um evento em torno deste fruto foi hoje levantada no Fórum Ambiente sobre seca e regadio, integrado na Expovila, uma feira que decorreu durante quatro dias, em Vila Flor, no distrito de Bragança.

A Associação de Regantes do Vale da Vilariça, a principal organização do vale, não esteve presente na sessão, alegando que as representantes do setor não tiveram conhecimento da mesma.

Contactado posteriormente pela Lusa para comentar a ideia da criação de um evento em torno do pêssego, o presidente da associação, Fernando Brás, defendeu que em primeiro lugar devia avançar o processo de certificação.

“A associação não tem tido hipóteses de o fazer porque não tem grandes condições económicas para isso, mas nós devíamos fazer a Indicação Geográfica do pêssego do Vale da Vilariça por forma a protegê-lo”, salientou.

O ponto de partida será a elaboração de um caderno de especificações para o qual o dirigente disse que a associação tem vindo a recolher alguns elementos para poder pedir a IGP, um selo que passaria a garantir que não se repetem situações como ver “pêssego espanhol nas caixas da Vilariça”.

O nome é sinónimo de qualidade e, para Fernando Brás, o processo de certificação será a garantia de que a Vilariça não está “a dar as mais-valias aos outros”.

“Se o nosso produto é único, é autêntico, é fruto do microclima que temos, temos a obrigação de fazer esse trabalho e dar garantias ao consumidor da qualidade do nosso produto”, salientou.

Ainda segundo o presidente da associação de regantes, a IGP permitirá também proteger "algumas coisas que são tradição antiga, como era o pêssego seco, aquilo que chamavam as pavias da Vilariça, que é um subproduto que pode ser uma mais-valia para os agricultores” e que não está a ser aproveitado.

Dos 2.400 hectares da área de regadio do Vale da Vilariça, 400 são ocupados por pomares com uma produção de cerca de 10 mil toneladas de pêssego.

Mas, segundo Fernando Brás, a quantidade é maior, já que existem também plantações fora do perímetro.

O presidente da Câmara de Vila Flor mostrou-se disponível para apoiar o trabalho de certificação e a ideia de um evento em torno do pêssego apresentada no fórum da Expovila.

“Acho que temos toda a legitimidade de o fazer”, disse, apontando como hipótese “lançar um certame onde Vila Flor fosse a rainha do pêssego”.

“Temos na Vilariça centrais de triagem, que não ficam atrás de nenhuma na Europa e fornece por todo o país”, garantiu o autarca, acrescentando que Vila Flor é “o maior produtor de pêssego a nível ibérico” e um dos concelhos com maior área no vale que se estende ainda por Torre de Moncorvo e Alfândega da Fé.

Fotografia: António Pereira



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