A Câmara de Vila Pouca de Aguiar disponibilizou-se a pagar obras de melhoria na unidade de cuidados paliativos para manter aberto este serviço no concelho, afirmou hoje o presidente da autarquia.
“A Câmara Municipal expressou de forma formal a possibilidade de fazer as obras que fossem consideradas necessárias para que funcionasse tecnicamente da melhor forma possível, embora superar a avaliação que tem é impossível”, salientou o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, que disse acreditar que a decisão de encerrar a unidade local ainda pode ser revertida.
O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) confirmou à agência Lusa que a unidade de cuidados paliativos, que atualmente funciona em Vila Pouca de Aguiar, vai ser deslocalizada para o hospital de Chaves. Este é único serviço de cuidados paliativo no distrito de Vila Real.
A unidade de Vila Pouca de Aguiar tem 18 camas, funciona junto ao centro de saúde da sede do concelho, e, segundo Alberto Machado, atualmente, as despesas de “infraestruturas, luz, água, aquecimento, manutenção” são “já todas suportadas” pela Câmara Municipal.
O autarca falava aos jornalistas após uma reunião com os funcionários daquela unidade afeta ao CHTMAD, onde trabalham cerca de três dezenas de enfermeiros, assistentes operacionais e médicos e que, a partir de maio, poderão ser transferidos para outros hospitais do centro hospitalar (Vila Real, Chaves e Lamego).
O CHTMAD disse ainda que “com esta mudança, disponibilizará um espaço físico renovado aos seus doentes, com cerca de 20 camas, adaptadas às necessidades específicas desta valência, e integradas numa estrutura hospitalar, cumprindo, desta forma, diretrizes da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos”.
“Vai abrir uma unidade em Chaves que tem, estranhe-se, mais duas camas e encerrar esta que está a funciona há 14 anos com consecutivas avaliações de ‘bom’ e ‘muito bom’ por parte de utentes e familiares”, frisou Alberto Machado.
O autarca defendeu que se deveria “manter o serviço em Vila Pouca de Aguiar e abrir um novo em Chaves” para dar resposta à falta de camas nos cuidados paliativos.
E apontou para o Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos de Portugal 2021/22, que foi feito pelo Ministério da Saúde, onde é referido que o Norte de Portugal “precisaria de 161 camas nos cuidados paliativos e tem 85”.
“A continuidade de Vila Pouca e abertura de Chaves cumulativamente ainda estão muito longe das necessidades para a região Norte (…) Está-se a pretender encerrar, quando sabemos que somos extremamente deficitários nesta valência”, sublinhou.
No encontro de hoje estiveram também presentes voluntários daquele serviço.
Uma das voluntárias Manuela Pereira disse ficar “muito preocupada” com a notícia de encerramento porque o “serviço faz muita falta”, referindo ainda que “funcionários que terão que se deslocar ganham o ordenado mínimo”.
“Isto não é propriamente fácil para eles também. O serviço aqui é excelente e vai fazer falta, porque vêm para aqui pessoas da zona de Lamego e ainda vão ter que se deslocar para Chaves, são mais 70 quilómetros por dia”, frisou.
Presidente da Junta de Freguesia de Vila Pouca de Aguiar e voluntário na unidade de cuidados paliativos, Daniel Alves disse ver com muito desagrado este encerramento.
“É um serviço de excelência que está aqui instalado”, frisou.