Lusa
A Câmara de Vila Real contabiliza prejuízos de cerca de 900 mil euros na rede viária do concelho devido a derrocadas provocadas pela chuva intensa e que interditaram ou condicionaram estradas na cidade e nas aldeias.
“Os prejuízos rondam os 900 mil euros só na rede viária. São 16 intervenções que temos que fazer nos próximos meses, em função também da capacidade que encontrarmos por parte de construtores e empreiteiros para ocorreram às necessidades do município que vai colocar todas estas obras em concurso”, afirmou hoje o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos.
O autarca falava aos jornalistas no decorrer de uma visita a alguns dos locais afetados pelo mau tempo.
As ocorrências foram acontecendo ao longo dos meses de dezembro e janeiro e foram provocadas principalmente pela chuva intensa que caiu na região durante esse período.
A estrada de acesso à aldeia do Tanha está em risco de colapso, na aldeia de Relvas um caminho ruiu e arrastou uma vinha e, em plena cidade, uma derrocada de pedras e terras condicionou a avenida Aureliano Barrigas.
“São zonas que apresentam risco de derrocada, como é bem visível. Em qualquer uma delas há interdições parciais de via ou interdições totais. Solicitamos às pessoas que tenham o máximo de cuidado, que respeitem a sinalização”, afirmou Rui Santos.
A estrada municipal de acesso a Tanha, na região do Douro, representa a principal preocupação para Paulo Ferreira, presidente da União de Freguesias de Nogueira e Ermida, mas o autarca descreveu mais prejuízos ao nível de taludes e paredes por causa da chuva intensa.
“Aqui o muro deslocou-se cerca de 50 centímetros e arrastou a estrada. Estamos a falar de uma extensão de cerca de 30 metros e agora esta estrada está cortada ao trânsito. A estrada pode colapsar completamente”, referiu Paulo Ferreira, que explicou que a aldeia não está isolada porque tem outro acesso.
Em outro ponto do concelho, na aldeia de Relvas, um caminho estreito de paralelo aluiu, arrastou um poste de eletricidade, pedras e terra e destruiu parte da vinha de José Matos, 80 anos.
O agricultor disse que ficou surpreendido com a dimensão dos estragos e que teve um “grande prejuízo”, já que ali produzia “uma pipa e meia a duas pipas de vinho”.
À pergunta se não dá para recuperar os estragos respondeu: “como? E já não é para mim, são precisos quatro a cinco anos”.
O caminho estreito ainda era usado por tratores ou automóveis pequenos e a derrocada deixou ainda em risco a casa localizada em frente, mas onde atualmente não habita ninguém.
“É um risco muito grande esta derrocada, nomeadamente para esta casa que está em perigo. Está entregue aos serviços técnicos da câmara que estão a fazer tudo o que podem”, afirmou Paula Teixeira, presidente da Junta de Parada de Cunhos.
No centro da cidade, na avenida Aureliano Barrigas, houve uma derrocada de pedras e terras, e uma das duas faixas de rodagem da avenida, que tem duas em cada sentido, está cortada.
Neste local vai ser feito um estudo geológico e geotécnico da encosta, já que há ainda pedras que estão em risco de derrocada.
Rui Santos disse estar preocupado com o volume financeiro das intervenções.
“Estamos a resolver o que tem que ser resolvido o mais depressa possível. Esperamos que haja empreiteiros para fazer estas obras em locais muito difíceis”, salientou o autarca.
Ao mesmo tempo, acrescentou, o município está a tentar, junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), do Estado central e da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, “encontrar apoios para ser ressarcidos de algum deste investimento”.
