O Circuito Internacional de Vila Real é um momento de encontro para amigos e adeptos das corridas de automóveis que se espalham ao longo da pista por bancadas improvisadas em andaimes, muros, varandas ou em acampamentos.

Vila Real acolhe entre hoje e domingo a 50.ª edição do circuito que, este ano, tem novamente como prova principal a Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR) que vai ser disputada por 26 pilotos, entre os quais o português Tiago Monteiro.

Carlos Matos, de 53 anos, veio de propósito de França para o fim de semana de corridas na cidade transmontana. Junto à pista citadina, no fim da reta de Mateus, foi estacionada uma autocaravana, colocadas ao lado mesas e cadeiras, uma máquina de cerveja e uma bancada em andaimes.

“Temos aqui meia casa. Falta a família e mais equipamento, o grelhador ainda não está montado. Hoje é só para afinar e amanhã [sábado] e depois é que é a sério”, disse o emigrante à agência Lusa.

Carlos Matos afirmou ser um aficionado de corridas. “Tudo o que seja motores é a nossa guerra. Estou no estrangeiro, mas quando posso venho sempre. Está no sangue e a gente quando gosta não há nada que nos pare”, salientou.

Para Carlos Matos, as corridas são o local de reencontro com os amigos que passa o ano sem ver.

Este local após a reta de Mateus é, na sua opinião, um “ponto excecional do circuito e onde os carros chegam com uma velocidade extrema, seguido da ‘chicane’ que apresenta um grau de dificuldade elevado”.

“Proporciona um espetáculo fora do normal”, frisou.

Apesar de ser um dia de semana, nesta sexta-feira já foram muitos os adeptos que se espalharam pela pista do circuito.

As bancadas foram sendo improvisadas, principalmente em andaimes que, de ano para ano, são mais, mais altos e mais confortáveis. Há também quem se instale em muros, em varandas e quem opte por acampar junto à pista.

Os “Labila” são um grupo de amigos que se juntam em todos os fins de semana de corridas em Vila Real e até têm mordomos que organizam o reencontro.

“O grupo foi criado com base na amizade que tínhamos dos tempos da universidade e no gosto pelas corridas e a partir daí, independentemente do local onde cada um está a trabalhar, juntamo-nos aqui”, frisou um dos mordomos Nuno Costa, 41 anos.

O grupo vai permanecer na bancada que colocaram junto à rotunda da Araucária até à última corrida de domingo. Ali têm as bebidas, sacos para o lixo e até cinzeiro.

“Esta paixão é uma coisa que nos foi incutida desde pequeninos. Eu via corridas com os meus pais, isto passa de geração em geração. Eu ainda vi corridas no circuito antigo”, frisou.

As corridas automóveis são também uma oportunidade de negócio.

A “barraca do salsa” está instalada no jardim de uma casa privada e ali vendem-se bebidas, comidas, até há um chuveiro disponível e uma bancada que já fica reservada para os adeptos de um ano para o outro e que vêm de Fafe, Vila do Conde, Gaia, Guimarães, Lisboa ou Guarda.

“Eu vivo as corridas desde miúdo. Agora, praticamente não vejo um carro passar porque ando aqui a trabalhar. É uma boa oportunidade de fazer negócio, apesar dos valores das concessões que são relativamente elevados”, afirmou Pedro Teixeira, 42 anos.

O circuito é citadino e, por isso, são muitas as dificuldades na circulação, principalmente de automóveis.

Uma dificuldade que uma empresa de aluguer de automóveis encarou como uma oportunidade e, por isso, instalou um stand de aluguer de bicicletas elétricas e scooters.

“Melhor mobilidade, sem poluição, fácil e prático. Temos tido mais procura das bicicletas porque dá para explorar o circuito inteiro", afirmou Gil Gomes.

O aluguer pode ser feito por horas ou pelo fim de semana todo e o responsável referiu que “está a correr muito bem”.

A organização do circuito evento envolve a autarquia local, o Clube Automóvel de Vila Real e a Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real.

Foto: José Sousa



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