O projeto Vila Real Medieval revela calçadas lajeadas, janelas viárias, alminhas e fontes, património que foi sendo construído desde a Idade Média e que a câmara quer preservar e divulgar através de beneficiações, roteiros e sinalética.
“Tem como principal objetivo preservar e valorizar o património medieval que nós temos. A câmara reconhece a raridade do património que temos no concelho e a nossa missão foi inventariá-lo e depois estudá-lo”, afirmou hoje a vereadora do pelouro da Cultura, Mara Minhava.
No âmbito do projeto, já foram feitas obras de beneficiação na cobertura da Torre de Quintela e na ponte de Piscais, foi colocada sinalética viária e interpretativa que explica a origem e o significado do património e foram criados seis roteiros sobre calçadas lajeadas.
A vereadora disse que se pretende dar a conhecer esta história medieval a quem cá vive, para que a valorizem, e aos visitantes, para que a venham conhecer e, assim, ajudar a impulsionar a economia local.
Pelo concelho espalha-se, segundo salientou, um vasto património que remonta à Idade Média, como as calçadas lajeadas de Mondrões, Galegos da Serra, Canelha Antiga (Lordelo), Benagouro, do Arco (Campeã) e de Torneiros, ao qual as gerações seguintes foram acrescentando “camadas”, como é o caso dos nichos das alminhas ou cruzeiros (relação do viajante com a espiritualidade), argolas de amarrar cavalgaduras cravadas nas paredes ou janelas viárias que foram nascendo ao longo destas estradas antigas.
Vitor Nogueira, gestor cultural da autarquia, referiu que existem cerca de 50 janelas viárias e explicou que são janelas de atendimento abertas no rés-do-chão das casas, com parapeitos alongados. Ali podiam existir tavernas ou oficinas.
O responsável lembrou que a cidade de Vila Real nasceu na Idade Média, num local central de passagem de redes viárias que seguiam para a serra do Marão ou para Chaves.
Na cidade são mais comuns as fontes, como a fonte do Chão, que estava emparedada e revelada recentemente e o chafariz do Cabo da Vila, que foi recentemente classificado como monumento de interesse municipal.
O chafariz do Cabo da Vila ou Fontinha situa-se no centro da cidade, numa via pública com acesso pela rua Fontinha, e mantém as suas características de origem medieval, incluindo a pedra de armas, hoje o brasão mais antigo representativo do município de Vila Real”.
o projeto “Vila Real Medieval: Roteiros e Circuitos do Património” teve um financiamento de cerca de 235 mil euros no âmbito do programa Provere, do Norte 2020.
Para além das brochuras, o município lançou o livro “Seis calçadas lajeadas do concelho de Vila Real” e um vídeo informativo de quatro minutos.
Mara Minhava disse ainda que o município quer classificar a igreja de São Dinis para ajudar a preservar o edifício histórico que se situa no cemitério na Vila Velha.
“O nosso concelho é muito rico no que diz respeito ao património medieval e dá-se o caso de todas as freguesias terem um ou mais pontos de interesse e com particular importância no domínio da histórias que lhes chega da Idade Média. Para além de serem todas freguesias que surgem na Idade Média”, referiu Vítor Nogueira.
Por isso mesmo, a autarquia quer avançar para uma segunda intervenção no âmbito do Vila Real Medieval, de forma a abranger as 20 freguesias do concelho.
A próxima etapa poderá abarcar as pontes da ribeira (Abaças), pedrinha (Andrães) e de Machados (Parada de Cunhos) o sarcófago antropomórfico de Constantim e Vale de Nogueiras, a igreja matriz de Folhadela, os caminhos medievais de Guiães e Lordelo, a estrada medieval de Mateus, o carreiro velho da Cumeeira (Nogueira e Ermida), a necrópole medieval (Pena, Quintã e Vila Cova) e o castelo de São Cristóvão (São Tomé do Castelo e Justes).