O treinador do Vilar de Perdizes, Vítor Gamito, disse hoje ter noção da “dimensão da montanha” que irá escalar frente ao FC Porto, para a Taça de Portugal em futebol, mas garantiu que a equipa irá lutar pela passagem.
Ciente das dificuldades que vai encontrar no embate histórico com o FC Porto, da terceira eliminatória da Taça de Portugal, o técnico destacou que este será “especial” para a equipa da aldeia de Vilar de Perdizes, no distrito de Vila Real, garantindo que, apesar da ansiedade das últimas semanas, o plantel estará focado na luta pela continuidade na competição.
“Um jogo superespecial para nós, o nosso maior adversário tem sido controlar a ansiedade desde o dia do sorteio até ao dia do jogo. São bastantes semanas em que temos de nos focar na melhor forma de podermos preparar o jogo”, frisou em conferência de imprensa.
O técnico transmontano acredita que o FC Porto irá cumprir o que denomina de “histórico” da equipa na Taça de Portugal, em especial nesta terceira ronda, a começar pelo “não facilitismo” de Sérgio Conceição.
“No total desses jogos [da terceira eliminatória], o FC Porto apenas concedeu 13 cantos e quatro remates enquadrados aos seus adversários. Isto [espelha] bem a dimensão da montanha que vamos ter de escalar”, reiterou o técnico.
Embora acredite que a probabilidade de o Vilar de Perdizes conseguir avançar na competição seja ínfima, Vítor Gamito defendeu que a equipa tem de se “agarrar” aos “0,1 ou 1%” de hipóteses para conseguir ser competitiva dentro de campo.
Admirador confesso da exigência de Sérgio Conceição, Vítor Gamito acredita que o treinador dos ‘dragões’ eleva a fasquia “de uma forma praticamente inalcançável”, mas quer ver os ‘guerreiros da raia’ a lutar pela passagem à próxima fase da competição, destacando que o FC Porto não tem “100%” de hipóteses de vencer o confronto no municipal de Chaves.
“Obviamente que é um sonho [jogar com o FC Porto], sabemos que a probabilidade é remota [de passarmos a eliminatória], mas não consigo entrar em nenhum jogo que não seja para competir. Se toda a gente soubesse o resultado do jogo, não íamos ter o estádio lotado amanhã [sexta-feira]”, vincou.
A juntar a isto, Vítor Gamito destacou o caráter “bastante ofensivo” da sua equipa, garantindo que esta não irá descurar a baliza do adversário.
“Somos um dos melhores ataques da Série A [do Campeonato de Portugal], e temos o melhor marcador, neste momento, André Mendy. Uma equipa que tem, também, um pouco de Sérgio Conceição nela, naquilo que é o controlo das transições, a pressão pós-perda fortíssima, a agressividade, cobrir a bola a campo inteiro e que nunca vira a cara à luta”, assegurou.
Para o técnico flaviense, a maior dificuldade dos últimos dias tem sido “gerir o ego” e as expectativas dos jogadores, cuja motivação “está nos píncaros”.
“Antes do nosso adversário, a tarefa mais difícil que tenho como treinador é escalar os 20 convocados, os onze iniciais e os cinco que poderão, eventualmente, jogar como suplentes utilizados. É a nossa missão como treinadores, não há como fugir a isso, é uma missão um pouco ingrata”, referiu.
Com o plantel “à inteira disposição” e a aguardar a chegada do internacional André Raymond, após estar ao serviço da seleção de Trindade e Tobago, Vítor Gamito avançou que olha para esta eliminatória “como um passo para algo maior”, mas quer os jogadores “com os pés bem assentes no chão”.
“Temos de ter noção que o mediatismo destas semanas não é por nossa causa, é pelo nome do adversário. Temos de o aproveitar, mas [sem] encher o balão ao máximo, rebentar e não ficar nada. Independentemente do resultado, tem de sobrar alguma coisa e [servir] de motivação”, defendeu.
Natural de Chaves, o jovem treinador disse ainda que espera contar com o apoio dos adeptos, considerando o Estádio Municipal flaviense como “a catedral do futebol transmontano”.
“Chaves tem sido a nossa casa, os sócios do Desportivo de Chaves têm-nos dado imenso apoio e espero que estejam em peso amanhã [sexta-feira], a apoiar o Vilar de Perdizes. Como transmontanos que somos, temos este orgulho de sermos solidários e esperamos ter uma casa repleta”, concluiu.
O Vilar de Perdizes, sexto classificado da Série A do Campeonato de Portugal, recebe o FC Porto, da I Liga, vencedor da Taça de Portugal por 19 vezes, a última em 2022/2023, em 20 de outubro, às 20:45, no Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves.
Conceição espera FC Porto focado perante Vilar de Perdizes
O FC Porto, detentor do troféu, vai exibir foco máximo na visita ao Vilar de Perdizes, do Campeonato de Portugal, para a terceira eliminatória da Taça de Portugal de futebol, assumiu hoje o treinador Sérgio Conceição.
“A motivação tem de ser diária. É aí que sentimos o grupo e hoje fiz um pequeno teste: perguntei quais eram os atletas do Vilar de Perdizes que jogavam mais. Era importante saber isso da parte deles, até porque lhes foi dada informação no início da semana. Foi muito positivo, porque conheciam praticamente toda a equipa. Isso deixa-me satisfeito e tranquilo quanto à motivação. Muitas vezes, estes jogos são um passaporte para alguns jogadores terem mais minutos a seguir”, admitiu o técnico, em conferência de imprensa.
Os ‘dragões’, segundos mais titulados da Taça de Portugal, com 19 êxitos, começam a defesa de um troféu conquistado por três vezes na ‘era’ Sérgio Conceição, incluindo nas últimas duas épocas, frente ao sexto classificado da Série A do quarto escalão nacional.
“Rodar a equipa? Era o primeiro passo para me dar mal e para não ganharmos. Estamos preocupados em preparar este duelo contra uma equipa que usa um sistema que vamos conhecendo cada vez melhor e que está a ser adotado pela maioria das equipas: ‘3-4-3’, que, a defender, passa para ‘5-4-1’. Quando estão a perder, fazem um ‘4-4-2’”, detalhou.
O defesa esquerdo brasileiro Wendell e o extremo espanhol Iván Jaime juntaram-se hoje ao capitão Pepe e a Iván Marcano, Zaidu, Stephen Eustáquio e Gabriel Veron no boletim clínico do FC Porto, que tem enfrenta a suspensão de David Carmo, expulso com duplo cartão amarelo na receção vitoriosa ao Portimonense (1-0), da oitava jornada da I Liga.
“Vejo muitos jogos de divisões inferiores, nas quais há gente de qualidade e clubes bem organizados. Por isso, temos de ter máximo respeito, perceber que equipa teremos pela frente e analisá-la da mesma forma como analisamos os outros adversários. Só assim é que, com a nossa qualidade individual e coletiva, podemos ganhar de uma maneira mais tranquila, tal como tem sido habitual nos primeiros jogos que fazemos na Taça”, vincou.
Questionado sobre a hipótese de o defesa direito Jorge Sánchez e o extremo Francisco Conceição capitalizarem as suas prestações recentes ao serviço da seleção principal do México e de sub-21 de Portugal, respetivamente, Sérgio Conceição reagiu com cautela.
“Ficamos contentes que tenham feito boas exibições, mas isso não lhes dará o direito de virem para o clube e acharem que devem jogar. Teremos de ver caso a caso”, analisou, dizendo que “quem esteve mais tempo na preparação tem mais possibilidades de jogar”.
O treinador reforçou a sua missão de “equilibrar o plantel”, ao comentar o risco de perder referências na próxima janela de transferências, em janeiro de 2024, partindo do prejuízo de 47,627 milhões de euros (ME) acumulado pela SAD no relatório e contas de 2022/23.
“Não sou diretor ou gestor financeiro. Dentro disso, a minha conversa com o presidente é diária. Ainda falta algum tempo até janeiro. Sou empregado do clube e estou aqui para o servir. Cabe-me gerir o plantel e equilibrar as soluções nas diferentes posições. Esse tem sido o meu papel desde há sete anos e, dentro do possível, tem sido bem feito”, avaliou.
FC Porto e Vilar de Perdizes defrontam-se na sexta-feira, às 20:45, no Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves, em jogo da terceira eliminatória da 84.ª edição da Taça de Portugal, sob arbitragem de Carlos Macedo, da associação de Braga.