Vila Chã da Ribeira, no concelho de Vimioso, distrito de Bragança, acolhe a primeira Estação de Anilhagem de Esforço Constante (EAEC) em Trás-os-Montes, cujo principal objetivo é contribuir para o estudo científico da avifauna.

“Esta foi a primeira estação de anilhagem criada em Trás-os-Montes ao abrigo de protocolos de monitorização estabelecidos com várias entidades. (…) Colaboramos com um projeto de âmbito nacional com várias estações espalhadas pelo país e que têm por missão fazer 12 sessões de anilhagem de aves ao longo da época de reprodução, no período de março até julho”, explicou hoje à Lusa o técnico em ecoturismo e responsável pela EAEC, Luís Ribeiro.

A EAEC de Vila Chã da Ribeira é coordenada pela Palombar e foi estabelecida ao abrigo do Projeto Estações de Esforço Constante (PEEC), desenvolvido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), pela Associação Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA), em colaboração com o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) da Universidade do Porto (U.Porto).

De acordo com o especialista, o principal objetivo desta EAEC é fazer uma estimativa anual da abundância e produtividade das espécies nidificantes, resultados que são tidos como importantes e que contribuem para a monitorização da biodiversidade em Portugal.

“Estes resultados são importantes do ponto de vista da biodiversidade que depois passam a integrar o Atlas das Aves Nidificantes e o Livro Vermelho dos Vertebrados em Portugal, que estabelecem um panorama daquilo que são as populações destas espécies no nosso país, informação imprescindível para o conhecimento sobre o estado atual de abundância e distribuição das aves silvestres no país”, vincou.

Em paralelo, há ainda associado um outro projeto que tem em vista perceber as movimentações das aves durante o inverno e que visitam o país, vindas de outros pontos da Europa e do norte de África, de forma a avaliar a interação de aves migratórias e as residentes.

“Este projeto permite-nos estudar a fidelidade destas aves migratórias aos territórios de invernada”, indicou o técnico.

Luís Ribeiro explica ainda que há espécies de aves que não fazem grandes movimentos para fora do país (residentes). Depois há as espécies que aparecem no período de inverno.

“O que é certo é que muitas destas espécies passam o período de inverno em países africanos e outras que passam em roteiro migratório para outros países do norte e centro da Europa”, frisou.

A colocação de anilhas nas aves permite obter dados de elevada importância para fazer estimativas fiáveis da densidade de adultos e juvenis de espécies de avifauna presentes numa determinada região em cada época de nidificação, de forma a avaliar as suas tendências populacionais.

José Pereira, biólogo e presidente da Palombar, disse à Lusa que todo o processo é feito de forma simples, sem prejuízo para a integridade dos passeriformes (aves de pequeno porte), nos quais é colocado uma anilha com um código único e de leitura única que permite saber o país de origem e o anilhador (técnico que coloca a anilha) que desenvolveu todo o processo nas aves.

“Se um pisco-de-peito-ruivo (espécie de aves) que foi anilhado na EAEC de Vila Chã da Ribeira for capturado nas suas rotas migratórias, é possível perceber toda a dinâmica de migração desta espécie, havendo uma melhoria do conhecimento científico destas aves”, exemplificou.

As EAEC realizam, todos os anos, no período de 25 de março a 22 de julho, um máximo de 12 sessões de captura e anilhagem de aves com recurso a redes verticais durante a época de nidificação.



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