A aldeia de Santulhão, no concelho de Vimioso, acolhe até terça-feira o Entrudo, cujas raízes ancestrais remontam à ocupação Celta deste território do distrito de Bragança, disse hoje à Lusa o presidente da junta de freguesia.
“Este ritual pagão com raízes Celtas perde-se na imensidão dos tempos, sendo já uma tradição que tentamos perpetuar tentando manter o mais fiel possível a sua função”, disse à Lusa Jorge Gonçalves.
O Entrudo de Santulhão é um dos mais “afamados” da Terra Fria Transmontana, onde se misturam várias atividades lúdicas que vão desde a própria folia de um carnaval rural, à música, às artes e à gastronomia.
Santulhão é tido pelos promotores da iniciativa como o local ideal para participar em várias atividades conexas ao entrudo tradicional, que culmina na terça-feira com o desfile pela aldeia que termina na praça principal, onde uma figura representativa do entrudo é queimada.
“Antes do Julgamento acontece um cortejo onde os mascarados desfilam pelas ruas da aldeia acompanhados do Entrudo, um boneco antropomórfico feito a partir de uma estrutura de madeira coberta com roupas velhas e enchida com palha que será queimado”.
Aqui, todos, quer estejam mascarados quer não, atiram e levam com farinha.
“Em outros tempos não se utilizava a farinha, mas antes a cinza das lareiras ”, indicou o autarca de freguesia.
O Julgamento do Entrudo é também simbólico onde um ‘juiz’ lê os ofícios, em que se fala sobre alguns temas da atualidade, com elementos de sátira social, e de seguida deitam-se os bonecos para o meio do largo onde são espancados, queimados e arrastados, dando fim ao encontro ritual.
No que respeita às máscaras, nesta aldeia não há um elemento próprio como é o caso dos Caretos. Aqui cada um improvisa a sua recorrendo a diversos materiais como a madeira, borracha, cabedal ou latão.