O concelho de Vinhais, um dos maiores produtores portugueses de castanha, vai recorrer a um "parasita" para tentar travar o avanço da vespa-das-galhas-do-castanheiro face à infestação que as autoridades locais apelidam de "calamidade".

Os produtores e outros agentes foram chamados hoje para uma reunião com várias entidades oficiais em que foi divulgada a estratégia de combate à praga, que este ano alastrou no concelho, fazendo temer consequências futuras na produção com maior peso económico na região.

O vice-presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes, explicou à Lusa que o objetivo da reunião de hoje foi dar a conhecer a estratégia que passará pela luta biológica nas zonas mais afetadas.

A estratégia, como indicou, envolve várias entidades, nomeadamente autarquias, Direção Regional de Agricultura, Direção Geral de Alimentação e Veterinária, associações de produtores e Instituto Politécnico de Bragança (IPB).

Uma comissão científica irá agora fazer a monitorização dos soutos do concelho e definir medidas para o combate à praga, nomeadamente as zonas onde serão feitas as largadas do chamado "parasitoide" que ataca as vespas.

A luta biológica é a única disponível contra a vespa-das-galhas-do-castanheiro, que reduz o crescimento dos ramos e a frutificação e que em alguns países devastou a produção de castanha, com quebras na ordem dos 80%.

Nos últimos anos, tem sido detetada nos soutos de Trás-os-Montes e debelada com medidas como o corte e queima das galhas dos castanheiros infetadas.

Esta operação é feita na primavera e, este ano, as entidades locais depararam-se com um cenário que, em maio, descreveram como de "calamidade", sobretudo na zona da Lomba e freguesia de Edral, a mais afetada no concelho de Vinhais.

Esta zona, segundo o presidente da câmara, será alvo da luta biológica com a largada de "parasitoides", que deverá ocorrer "em fevereiro, março" do próximo ano.

A comissão científica que vai monitorizar a situação decidirá em que outras zonas será necessária esta intervenção e a quantidade de largadas.

O autarca afirmou que ainda não é possível quantificar valores, concretamente do investimento que será necessário fazer.

Luís Fernandes realçou que, de acordo com os técnicos, a campanha deste ano, que decorre a partir de outubro, novembro, ainda "não sofrerá qualquer quebra devido à vespa".

As consequências, a existirem, sentir-se-ão nos próximos anos, como indicou.

O vice-presidente da Câmara de Vinhais salientou ainda que, na maior parte do concelho, o corte e queima das galhas infetadas será suficiente para travar a praga.

Vinhais é responsável por dez das cerca de 40 mil toneladas de produção nacional de castanha que equivalem a uma faturação anual "entre 15 a 20 milhões de euros" neste concelho do distrito de Bragança.

As comissões políticas do PSD e do CDS-PP de Vinhais divulgaram, em maio, terem remetido uma missiva a sensibilizar o primeiro-ministro, o ministro da Agricultura e os deputados eleitos pelo círculo eleitoral de Bragança "para as consequências nefastas desta praga".



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