O presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes, reclamou do Governo a agilização da decisão sobre a candidatura para financiar o combate à vespa das galhas do castanheiro, naquele que é dos maiores produtores de castanha de Portugal.
O município transmontano vai custear mais um ano com cerca de 21 mil euros a terceira temporada de largadas do parasitoide de combate à vespa, que começam no sábado, em colaboração com as associações de produtores Arbórea e Proruris e o Instituto Politécnico de Bragança.
Desde 2018 que a autarquia custeia este serviço para o setor mais importante da economia do concelho e continua à espera da decisão sobre uma candidatura de um milhão de euros, que apresentou em setembro de 2019, a fundos comunitários para financiar a prevenção das pragas do castenheiro.
“Ainda não há decisão nem sabemos quando haverá e era vital que esta candidatura fosse aprovada, porque era uma ajuda económica no momento que vivemos”, afirmou o autarca à Lusa.
Luís Fernandes sublinhou que o financiamento iria aliviar os encargos financeiros do município numa altura em que precisa de responder ao combate e à minimização das consequências da pandemia de covid-19.
Para dar continuidade ao trabalho que tem sido feito nos anos anteriores, Vinhais começa no sábado a fazer novas largadas do parasitóide que destrói a vespa ainda em fase embrionária e que são realizadas no início da primavera.
O presidente da câmara disse à Lusa que este ano o número de largadas será superior aos anos anteriores, concretamente 180 por todo o concelho de Vinhais.
Este concelho do distrito de Bragança é dos maiores produtores de castanha e também aquele onde têm sido detetados mais soutos infetados com a vespa das galhas do castanheiro, que começa por secar ramos e pode dizimar toda a árvore, pondo em causa a produção.
A vespa das galhas do castanheiro foi detetada nesta região, que é maior produtora portuguesa de castanha de Portugal, em 2015, e em 2018 foram feitas as primeiras largadas do parasitóide com que está a ser feita a luta biológica para evitar quebras avultadas na produção de castanha como aconteceu em países como a Itália.
Em 2018, foram detetados no concelho de Vinhais 130 soutos infetados e feitas 52 largadas do parasitóide. No ano seguinte foram feitas 159 largadas, depois de o número de soutos infetados ter subido para 600.
Num balanço feito em fevereiro de 2019, o coordenador da equipa do Instituto Politécnico de Bragança que está a fazer as largadas, Albino Bento, deu conta de que os primeiros resultados da luta biológica contra a vespa das galhas do castanheiro indicam que será possível controlar a praga em “cinco, seis anos” nos soutos tratados.
Os investigadores constataram que o inseto que está a combater a praga já está a reproduzir-se naturalmente com taxas de instalação superiores a 80%.
Os impactos desta praga na produção ainda não são visíveis, mas os envolvidos na luta biológica antecipam que, mesmo a correr bem, a região terá “três, quatro anos com alguns prejuízos”.