Mais de meia centena de viticultores de Galafura, no Peso da Régua, ficaram de rastos, tal e qual as suas culturas, em especial vinhas, pomares e hortas, anteontem à tarde, após uma forte trovoada, acompanhada por ventos ciclónicos e pedras de granizo em grande quantidade.

A intempérie durou cerca de 15 minutos, tempo suficiente para dizimar culturas inteiras. \"A vindima deste ano está feita\", disse, destroçado, ao JN, Alcino Costa, viticultor que perdeu cerca de 90% da colheita. Com os cachos dilacerados pelo granizo nas mãos, António Martins Lebres olhava a vinha desalentadoo e apreensivo.

\"Em cerca de 15 minutos, perdi praticamente 40 pipas de vinho e alguns milhares largos de euros\", disse o presidente da Junta de Freguesia de Galafura, José Leonor, recordado que \"foi uma coisa nunca vista. Uma nuvem negra formou-se rapidamente, ficou tudo numa escuridão e depois caiu granizo do tamanho de ovos de pomba\". A área afectada estende-se por vários hectares de vinhedos. Segundo os produtores daquela região, a violência da tempestade não só deu cabo da vindima deste ano, como pÎs em causa a produção de 2006, já que a trovoada também deverá ter afectado muito vinho armazenado em toneis e pipas. \"Uma desgraça nunca vem só\", desabafou José Leonor.

Quanto ao futuro, os viticultores de Galafures dizem que vão esperar que o Estado os ajude, \"a exemplo do que fez em Murça\", dizem. Aliás, ontem, uma equipa de técnicos da Câmara de Peso da Régua começou a fazer o levantamento dos prejuízos . Também uma equipa da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM), esteve no local e vai fazer um relatório sobre os estragos.

Refira-se que grande parte dos agricultores afectados não têm seguro contra intempéries, ao que apurámos \"devido aos custos elevados\". Além de Galafura, há prejuízos em Poiares, Canelas e Andrães (Vila Real).

Registe-se que a queda de raios causou, também, um incêndio junto à barragem de Bagaúste. As chamas, tocadas a vento, chegaram a ameaçar o Centro de Comando e Controlo de Barragens Nacionais da EDP, e algumas casas antigas de operários da barragem. Ontem, o incêndio reacendeu, mas foi posteriormente extinto.

Produtores de Murça à espera

Há pouco mais de um ano, a queda inusitada de granizo causou graves estragos, também, em Murça. Foi no dia 7 de Junho uma forte granizada dizimou as vinhas de 450 viticultores em Sobreira, Porrais e Candedo. Foi uma tempestade de tal forma violenta que, no dia seguinte, o ministro da Agricultura visitou a região e, no dia 9 de Junho, foi aprovado, em Conselho de Ministros, um plano de ajudas, que vai cobrir cerca de 600 mil euros dos prejuízos. Segundo o secretário de Estado da Administração Interna garantiu no início de Maio, que este mês, os produtores iriam receber as indemnizações. Aliás, conforme as cartas que a maioria recebeu em casa, o Governo está disposto a pagar cerca de 600 euros por cada hectare de vinha. Ora, como o mês está quase no fim e ainda não houve qualquer palavra em contrário, o pagamento dos subsídios deve estar por dias.



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