Numa altura em que o ministro da Agricultura apela insistentemente à concentração das adegas, as Caves Santa Marta, instaladas na Região Demarcada do Douro, celebram 38 anos da primeira fusão entre cooperativas vinícolas, em Portugal.
Um grupo de viticultores, que acreditava que o corporativismo era a melhor forma de promover o vinho do Douro, fundou a Adega Cooperativa de Santa Marta de Penaguião em 1959.
Em 1970 foi feito o primeiro acordo de fusão com a Adega de Medrões, para três anos mais tarde se juntarem à Adega da Cumieira, dando origem às Caves Santa Marta.
Inicialmente as três adegas juntaram-se comercialmente para se fundirem oficialmente em 1987.
José Eduardo Lopes, presidente da direcção, disse hoje à Lusa que Santa Marta se transformou na \"maior adega cooperativa da Região Demarcada do Douro e uma das maiores de Portugal\".
\"A fusão entre as três adegas de Santa Marta de Penaguião foi natural pois não fazia sentido competirem entre si. Para além de produzirmos em maior escala, pois atraímos mais sócios, os custos de produção também baixaram\", acrescentou.
Actualmente, 75 por cento dos produtores do concelho são associados daquela empresa vinícola, designadamente 2.100 viticultores.
Este é, precisamente, o exemplo que o ministro da Agricultura, Jaime Silva, quer que as adegas do país sigam de forma a ganharem dimensão, escala, gestão empresarial e qualidade.
No seu percurso, as Caves Santa Marta foram conquistando vários prémios e introduzindo no mercado novos e variados produtos.
Em 1988 foi a primeira cooperativa a conseguir um vintage - o Porto Vintage 1998 - e, três anos depois, foi considerada a melhor adega do ano.
Em Novembro de 2007, a conceituada revista norte-americana \"Wine Spectator\" atribuiu o prémio \"TOP 10 Red Wines Under $10 - Top Portuguese Red\" ao \"Douro Reserva 2001\" o que, para José Eduardo Lopes, \"vem confirmar a excelente relação qualidade/preço deste vinho\".
Em 2007 a empresa obteve a certificação de qualidade.
Paulo Dolores, presidente da Assembleia-Geral das caves, salientou mesmo que, da sua própria produção, está será a empresa que \"mais produtos coloca no mercado\" entre vinhos do Porto, do Douro, regionais, espumantes e aguardentes.
A adega lançou no mercado, apenas dois meses depois da última vindima, dois vinhos, o Valdarante Branco 2007 e o Rose Caves Santa Marta 2007, com características \"aromáticas, frescas e frutadas\" destinados a \"atrair um público consumidor mais jovem\".
O objectivo é, segundo Paulo Dolores, \"criar alternativas aos refrigerantes ou às cervejas\".
Foi precisamente para atrair os mais jovens, e pela necessidade de diversificar as vendas que, há três anos, a cooperativa lançou no mercado os vinhos frisantes ou gaseificados - o Lapadas.
José Eduardo Lopes fala no \"sucesso\" obtido por este vinho, que diz ter como base \"um bom vinho branco do Douro\", e salientou que está também disponível em garrafas pequenas de forma a \"entrar nos bares e discotecas\".
A diversificação de produtos é, para o presidente, a \"fórmula\" para enfrentar o \"mercado cada vez mais competitivo\".
A modernização das instalações tem também sido uma das preocupações da direcção da empresa, estando neste momento \"completamente mecanizada\" a linha de embalagem da \"box\", que pode ser de um ou cinco litros.
Francisco Teixeira, o gerente comercial, revelou que, na última vindima, foram produzidos nas Caves Santa Marta 12 milhões de litros de vinhos, quatro milhões dos quais foram transformados em vinho do Porto.
Oitenta e cinco por cento dos vinhos produzidos são vendidos em Portugal, mas as marcas de Santa Marta encontram-se já espalhadas por mais de 20 países, nomeadamente Holanda, República Checa, Hungria, Bélgica, Luxemburgo, França, Suiça, Angola, Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Antilhas Francesas e Macau, entre outros.
\"Em Portugal estamos em tudo quanto é grande distribuição\", salientou Francisco Teixeira.
Uma das grandes apostas da cooperativa é também, segundo o responsável, o \"enoturismo\".
Na antiga destilaria da Casa do Douro, a empresa instalou uma pequena unidade museológica onde são também servidos jantares temáticos.
\"No ano passado visitaram-nos entre 10 a 12 mil turistas\", disse José Eduardo Lopes.
A equipa que dirige as Caves Santa Marta está já a preparar o 50º aniversário da empresa, que se assinala em 2009.
Para esse ano já anunciou \"uma mudança de imagem\" e o lançamento de \"uma garrafa comemorativa\".
Com três centros de vinificação espalhados pelo concelho, a adega, conjuntamente com a autarquia local, é a maior entidade empregadora de Santa Marta de Penaguião.