Vinte cães recém-nascidos foram hoje encontrados mortos num rio dentro de um saco, na aldeia de Gimonde, em Bragança, e recolhidos pela GNR que entregou o caso ao Ministério Público para investigação.
As autoridades foram alertadas por volta do meio-dia para o caso e uma equipa do SPENA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente) da GNR deslocou-se ao local e confirmou a ocorrência, como indicou à Lusa Hernâni Martins, das Relações Públicas do Comandando Distrital de Bragança.
A descoberta foi feita por Judite Bornes e o marido, que passeavam no local e, por volta das 11:00, “viram um saco de batatas com pedras em cima dentro da água”, como contou à Lusa.
Segundo disse, abriram o saco e depararam-se “com 20 cães recém-nascidos”, que lhes pareceram da raça Cão de Gado Transmontano.
“Telefonámos ao presidente da junta a dar conhecimento e ligamos à GNR, que vieram logo”, contou Judite.
Os animais encontravam-se dentro da água “por cima de uma represa onde as pessoas da aldeia vão tomar banho” nos dias quentes.
De acordo com Hernâni Martins, das Relações Públicas do Comando Distrital, a GNR fez diligências no local e recolheu os animais, que foram entregues à ordem da veterinária municipal de Bragança, no canil local.
De acordo com a GNR, “vai agora ser feita a necrópsia para apurar se os animais morreram de asfixia ou afogamento”.
A GNR fez a participação dos factos ao Ministério Público que vai promover a investigação do caso, na medida em que os maus tratos a animais são crime.
Para a veterinária municipal de Bragança, Helena Velasco, “é inaceitável que se chegue ao ponto do que aconteceu em Gimonde” e que considera “uma atrocidade”.
A médica veterinária salientou que “os tutores dos cães têm muitas maneiras de evitar as ninhadas e, por lei, são obrigados a fazê-lo, pois têm que promover as condições de bem-estar dos animais”
Como enumerou, “o tutor tem várias alternativas ao seu alcance, umas mais eficazes que outras, umas mais onerosas que outras, mas há várias opções, desde a esterilização ao controlo através de hormonas, e em última instância impedir a aproximação dos animais”.
“O tutor não se pode demitir desta responsabilidade. Se houver ninhadas, o tutor tem que encontrar uma solução para cada um dos cachorros. Que peça ajuda, que publicite direta ou indiretamente”, vincou.
Um “problema grave”, segundo Helena Velasco, com que as autoridades se deparam em casos como o de Gimonde “é não se chegar a saber quem é o responsável pela cadela”, o que significa que “por um lado não há punição para o ato em si e, por outro, faz temer que isto se volte a repetir”.
O município de Bragança tem em curso medidas para apoio aos donos de animais, nomeadamente ao nível da esterilização, através de protocolos celebrados com associações de proteção dos animais.
Desde 2015, que a autarquia colabora com a associação AMICA, com a atribuição de uma verba para apoio à realização de esterilizações em animais que estão em situação de risco e que, posteriormente, serão encaminhados para adoção.
O município também atribui, anualmente, uma verba à Associação Brigantina de Proteção Animal como apoio às despesas geradas pelos animais que têm a seu cargo e que são, animais abandonados e em risco, recolhidos da via pública.
Foto: Amica