Vinte entidades apresentaram propostas para o leilão que colocou à venda 26 pipas de vinho (550 litros cada) da Casa do Douro, ultrapassando o preço base definido de 580 mil euros, disse hoje fonte da comissão administrativa.

O responsável pela Comissão Administrativa da Casa do Douro, António Graça, disse hoje à agência Lusa que a procura abrangeu todos os vinhos generosos do património da instituição duriense que foram colocados à venda, tendo sido apresentadas propostas por parte de 20 entidades.

E, segundo acrescentou, as propostas apresentadas, e que foram abertas na segunda-feira, “ultrapassaram” o preço base definido de 580 mil euros.

A procura, apontou, “correspondeu às expectativa” e comprova a “qualidade dos vinhos” da Casa do Douro, no Peso da Régua, distrito de Vila Real.

O leilão englobou 26 pipas de 550 litros, correspondentes a seis vinhos generosos de diferentes idades (1934, 1935, 1940, 1950, 1968 e ainda vinho velho, classificado como tendo 30 anos.

À venda estavam 15 lotes de vinhos, identificado cada um deles por letra e número e com referência ao armazém em que se encontram as respetivas vasilhas (armazéns 30 e 43), ao ano de colheita, cor, à quantidade e ao valor.

Puderam participar neste procedimento de alienação comerciantes de vinho generoso e comerciantes de vinho do Porto, legal e devidamente inscritos no Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

A verba angariada, segundo explicou António Graça, servirá para o pagamento de dívidas bancárias e para fazer face aos encargos de funcionamento desta entidade.

Este é o terceiro leilão realizado pela comissão, sendo que o valor angariado anteriormente serviu para, por exemplo, pagar a dívida em salários e indemnizações aos trabalhadores da Casa do Douro.

De acordo com o regulamento, a venda foi efetuada na modalidade de apresentação de propostas em carta fechada, as propostas foram apresentadas até 31 de outubro e, na segunda-feira, realizou-se a abertura dessas propostas.

A adjudicação foi feita a quem ofereceu o preço mais elevado por lote, que terá, agora, um prazo para concretizar o pagamento e, depois, 30 dias para levantar os vinhos.

A criação da Comissão Administrativa para a regularização das dívidas da extinta Casa do Douro e da situação dos trabalhadores foi aprovada em maio de 2016 pelo parlamento.

A Comissão Administrativa da Casa do Douro mandou avaliar o ‘stock’ de vinhos da instituição, cujo valor ultrapassou os 130 milhões de euros e, neste momento, está em curso o procedimento para o acordo de dação em cumprimento com a Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

Este acordo propõe a entrega dos vinhos ao Estado para pagamento da dívida pública, que ronda os 130 milhões de euros, o qual libertará, depois, todas as penhoras e hipotecas que pendem sobre o património da Casa do Douro.

A extinção da Casa do Douro, em dezembro de 2014, foi decidida pelo Governo PSD/CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho, que alterou o estatuto de direito público e inscrição obrigatória para o de associação de direito privado e de inscrição voluntária.

Criada em 1932, a instituição viveu durante anos asfixiada com dívidas a credores privados e ao Estado.

Com a extinção em 2014, foi aberto um concurso para escolher uma entidade para gerir a Casa do Douro “privada”.

No entanto, o processo foi revertido e, em 01 de janeiro de 2020, entrou em vigor uma nova lei que reinstitucionalizou a Casa do Douro como associação pública e de inscrição obrigatória, chegando a estar agendadas eleições para direção da instituição, mas que não se chegaram a realizar.

Foto: AP



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