Um grupo de reclusos do Estabelecimento Prisional de Bragança (EPB) experimentou hoje uma sensação de liberdade diferente ao navegar pelo mundo das novas tecnologias numa visita ao «cybercentro» da cidade.

Apenas alguns metros separam o edifício da cadeia regional de Bragança do novo mercado municipal, onde se encontra o centro que pretende familiarizar a população com as novas tecnologias, facilitando-lhes o acesso.

Um grupo de 13 reclusos do EPB visitou hoje aquele espaço, que se tornou numa experiência inédita e até «irónica» para alguns, por ter sido no momento em que se encontram privados de liberdade que «navegaram», pela primeira vez, livremente na Internet.

Dos cerca de 80 reclusos a cumprirem pena naquela cadeia, treze foram contemplados com esta saída ao mercado municipal, que lhes permitiu também apreciar uma exposição e o «grande mercado do livro», abertos ao público naquele espaço.

O contacto com os computadores do «cybercentro» foi o momento «eleito» pela maior parte, que não hesitou em considerar esta visita «das actividades mais interessantes», desde que os reclusos gozam de medidas de flexibilização das penas.

Todos estes reclusos já beneficiaram de saídas precárias, mas têm ainda algum tempo de prisão a cumprir, que gostariam de passar mais ocupados.

«Nós não temos lá dentro nada que nos possa motivar para podermos sair em busca de qualquer coisa, porque ou não há dinheiro ou isto ou aquilo e a maioria das pessoas até quer fazer algo, mas não pode», desabafou à Lusa um dos reclusos.

A procura de sites de roupa de marca ou uma «espreitadela» aos sítios das preferências futebolísticas foram as actividades mais comuns entre os reclusos que tiveram acesso à Internet.

«As tecnologias dominam o mundo actual e para nós que estamos fechados, seria benéfico que houvesse até mais [visitas deste género], para um pessoa saber lidar com as máquinas no pós-liberdade», afirmou outro recluso à Lusa.

Para outro, «a pior coisa que há na reclusão é não se fazer nada, passar 24 horas sobre 24 horas sem se fazer absolutamente nada».

«Estando ocupado é, como nós dizemos, meia cana, é metade da cadeia passada\"», considerou.

A maior parte dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Bragança cumpre penas relativamente curtas, ligadas ao tráfico de droga.



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