O pai de Carlos Sousa Jr. tinha visto na televisão a notícia de que alguém tinha sido atacado e morto por um tigre fêmea no jardim zoológico de São Francisco, mas nunca lhe passou para cabeça ser o seu filho.
Carlos Sousa Jr., de 17 anos, tinha passado a manhã do dia de Natal em São José em casa do pai, português capataz da construção civil, e ia jantar a casa da mãe, a brasileira Marilza Sousa, que tinha cozinhado para ele arroz com feijão. De caminho, decidiu passar com dois amigos pelo jardim zoológico.
A polícia ainda está a investigar ao certo o que se terá passado. Há a possibilidade de os jovens terrem provocado o animal para que trepasse a parede de seis metros de altura que existe no local onde estava e depois saltasse o fosso de oito metros de largura que o rodeia. Os únicos vestígios do incidente são um sapato e uma mancha de sangue no fosso.
O incidente deu-se pouco depois das 17.00, hora de fecho do zoo. Os investigadores dizem que depois de o tigre fêmea ter morto Carlos Sousa Jr., deve ter seguido os rastros de sangue deixados pelos seus dois amigos, irmãos de 19 e 23 anos. Atacou-os 300 metros mais à frente, antes de ser abatida a tiro pela polícia.
Manuel Mollinedo, director do jardim zoológico, diz que \"alguém deve ter criado uma situação que realmente agitou o tigre e deu-lhe uma espécie de ajuda que lhe permitiu fugir. Era impossível o felino ter fugido daqui num único salto. Infiro daí que tenha havido ajuda. Pés pendurados na beira do fosso poderiam ter permitido a fuga\".
Tatiana,um trigre siberiano de 4 anos, 150 quilos de peso, tinha há um ano atacado o seu tratador quando este a alimentava, decepando-lhe um braço.
Beatriz Silva, irmã de Carlos Sousa Jr., não aceita as explicações dos responsáveis: \"Já estive nesse jardim zoológico, e não as aceito de todo. Onde estavam todos os empregados do zoo, e porque é que isto só aconteceu ao meu irmão?\"
Marilza Sousa, que tinha preparada na árvore de Natal a prenda para o filho - um par de meias brancas e um envelope com 40 dólares, onde tinha escrito \"Com todo o amor, da mãe\" - diz que \"hoje em dia não estamos seguros em lado nenhum. A polícia está a investigar como o tigre fugiu. Ainda não sabemos\".
Carlos Sousa Sr., que na manhã de quarta-feira recebeu o telefonema para ir identificar o corpo do filho à morgue de São José, diz que \"é difícil olharmos para o saco de plástico e dizermos «Sim, é o meu filho». Ainda estou em choque. É difícil acreditar. Só queria que fosse um sonho\".|