As serras de Montesinho, em Bragança, Estrela, na Guarda, e Pico, nos Açores, foram as escolhidas para lançar uma Rede Nacional de Montanhas de Investigação para valorizar os recursos existentes, e que foi apresentada ontem, em Bragança.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, subiu hoje à serra de Montesinho para a apresentação formal do projeto do Governo que pretende aproveitar o conhecimento científico para explorar e valorizar as áreas de montanha nas diferentes vertentes, desde a preservação, agricultura, clima, ao património e turismo científico.
As instituições de investigação como os politécnicos de Bragança e da Guarda e a universidade dos Açores são os parceiros nesta rede que arranca com três projetos-piloto e que o ministro espera ver alargada a outras zonas de montanha do país.
O lançamento desta rede é, como explicou o governante, a concretização de uma ideia iniciada há pouco mais de um mês, quando em Bragança, por iniciativa do Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), o único do país, se realizou a conferência europeia Euro Montana.
Um conjunto de parceiros europeus desafiou, então, as entidades nacionais a trabalharem para transformar Montesinho numa serra de investigação e pertencer à rede europeia da Biosfera.
Com o politécnico de Bragança, aceitaram também o desafio o da Guarda e a Universidade dos Açores e foi formalmente criada esta que "é sobretudo uma rede de investigação em montanha que tem como génese o trabalho de várias décadas do Centro de Investigação de Montanha do IPB", segundo o ministro.
Manuel Heitor explicou que, no caso de Montesinho, o trabalho passará pela ativação das infraestruturas do Planalto da Lama Grande para investigação do clima, do viveiro das Trutas, na aldeia de França, e pela valorização, desenvolvimento e promoção da atividade de corantes naturais.
"A ideia é associar a estas atividades científicas outras de desenvolvimento regional, de ligação do conhecimento à valorização do território, passando, por exemplo, pelo desporto aventura, pelo turismo, e o turismo científico em particular, de forma que possamos também pôr Montesinho no mapa europeu das montanhas onde e faz investigação, onde os cientistas vão fazer pesquisa, onde os turistas vão estar em contacto com cientistas, e acreditamos que pode ser um projeto que dá uma nova centralidade a Portugal no espaço europeu", concretizou.
A rede não tem um orçamento, sendo que o desafio é cada um dos membros "desenvolver ideias, o conceito, preparar propostas" para serem candidatas a financiamento.
Além das instituições de ensino e investigação, cada território vai trabalhar com diversos parceiros, desde empresas a entidades oficiais como o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) ou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
Montesinho "está numa fase mais avançada" nesta área, com o trabalho desenvolvido pelo Centro de Investigação de Montanha do politécnico de Bragança, nomeadamente o grupo liderado por Isabel Ferreira, uma das investigadoras portuguesas mais citadas a nível internacional.
O presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, quer que este seja "um projeto transversal de preservação, mas também de retorno das mais-valias para a região", lembrando que a zona de Montesinho é uma área protegida e também parte integrante do território da Meseta Ibérica, classificado como Reserva Mundial da Biosfera.
Lusa