Terminou ontem a XIX Volta a Trás-os-Montes e Alto Douro, com o triunfo esperado de Pedro Lopes (LA Liberthy Seguros) que na etapa da véspera, corrida entre Bragança e Boticas, havia arrebatado a camisola amarela a Célio Sousa (Carvalhelos/Boavista).

Integrado numa equipa altamente poderosa e que, nesta prova, não encontrou um concorrente à sua altura, Pedro Lopes controlou na perfeição as duas etapas de ontem, apoiado pelos seus colegas de equipa, obtendo um triunfo natural quanto justo na dura clássica transmontana, na verdade uma competição que exige um esforço tremendo, desumano até, pois a alta montanha não se compadece com os menos experientes.

Da parte de manhã fez-se a ligação entre Boticas e Fontes (Stªa Marta de Penaguião, na distância de 78 quilómetros, tirada que viria a ser ganha por Marco Morais (Imoholding/Loulé). Ao exemplo das outras três etapas até então realizadas, esta também teve as suas dificuldades, especialmente nos últimos 12 quilómetros, com um subida muito íngreme iniciada no Miradouro. Basta apenas dizer - e não é exagero nenhum - que a famosa subida para a Senhora da Graça... nem parece nada se comparada com esta tremenda escalada.

Desentendimentos

Finda a tirada matinal, algumas vozes se levantaram -desde as equipas profissionais às amadoras - , pois havia quem defendesse que a etapa da tarde (a terrível subida do Marão) não se deveria realizar. Só que havia compromissos assumidos e José Dolores, o principal patrocinador da prova, disse de pronto que deixariam de contar com ele no futuro caso a prova não fosse até ao fim.

Serenados os ânimos, lá se chegou à conclusão de que a competição terminaria, como estava previsto, em Vila Real, mas temeu-se que os ciclistas fizessem \"greve\", que é como quem diz, corressem em forma de passeio. Para bem da prova, tal não viria a suceder, prevalecendo o bom senso e, muito principalmente, o estoicismo dos ciclistas, principalmente dos mais jovens pertencentes ao escalão sub-23.

Ainda em relação à tirada da manhã de ontem, a formação do Carvalhelhos/Boavista ainda tentou dar uma \"sapatada\" na corrida na tentativa de recuperar a camisola amarela, mas a LA Liberty Seguros foi suficientemente astuta para não se deixar surpreender. Mesmo com Cândido Barbosa longe da sua melhor forma, o facto é que a formação orientada por Américo Silva possui um lote de corredores
de valor semelhante, fundamental para o trabalho de equipa, pois só dessa maneira é que a LA conseguiu vencer a exigente prova transmontana.

Finalmente, o Marão

E lá veio a quinta e última etapa, de Stªa Marta de Penaguião até Vila Real, na distância de 70 quilómetros, aos quais os organizadores resolveram subtrair uma dezena deles, porque parte do percurso encontrava-se em obras. Pois é, mas esta derradeira tirada tinha como aliciante - não para os ciclistas, como facilmente se compreende - a subida do Marão.

Depois da etapa matinal, que deixou a maioria dos corredores com a língua de fora, convenhamos que escalar mais uma montanha - apenas com um intervalo de quatro horas - não estava no programa.

Melhor, estava... mas não devia. Apenas um reparo só para dizer que organização desta prova deve repensar o percurso, pois tanta montanha em apenas quatro dias é um enorme exagero. Nem na Volta a Portugal! Mas se pretenderem que tudo fique como está, então convidem apenas equipas profissionais, pois as formações jovens não têm \"pedalada\" para tanto, sendo até contraproducente participarem numa competição desta envergadura, sob pena de ficarem sem ciclistas para as importantes provas que têm pela frente na categoria sub-23.

Dito isto, resta, então, falar da etapa que levou o pelotão até Vila Real. Só visto! O esforço foi de tal ordem, as máscaras de esforço eram tão evidentes, que só os mais destemidos conseguiram terminar a etapa. Muitos não aguentaram e, obviamente, desistiram E não foram assim tão poucos como isso, o pelotão chegou a Vila Real totalmente \"esfrangalhado\", tendo como vencedor José Vaz (Carvalhelhos/Boavista).

Está tudo dito, estes últimos quatro dias animaram, e de que maneira, as magníficas paisagens de Trás-os-Montes e Alto Douro. Espera-se, portanto, que a modalidade continue a ser um dos ex-libris da região, pois não faltam apaixonados pelo ciclismo.

Classificações 4ª etapa

Nome Tempo
1. Marco Morais (Imoholding) 2h.11.14
2º Hugo Vítor (Carvalhelhos ) a 25 s
3º Hélder Magalhães (Vulcal). a 1m7s
4º Pedro Lopes (LA Liberty) a 1m16s
5º Celestino Pinho (Barbot/Spol) a 1m37s
6º Luís Pinheiro (LA Liberty) a 1m50s
7º Gustavo Rodriguez (Barbot/Spol). . .a 1m51s
8º Estanis Romero (Gondomar)................. a 2m4s
9º Nélson Vitorino (LA Liberty).. ... a 2m17s
10º Hernâni Broco (LA Liberty)................... a 2m34s
5ª etapa

Nome Tempo
1. José Vaz (Carvalhelhos) 2h 27.47
2º Gustavo Rodriguez (LA Liberty ) a 2m4s
3º César Pinto (Imoholding) a 2m12s
4º Cândido Barbosa (LA Liberty ) mt
5º Hernâni Broco (LA Liberty) a 2m16s
6º Hélder Magalhães (Vulcal ) a 2m18s
7º Paulo Ferreira (Imoholding) mt
8º Nélson Vitorino (LA Liberty ) mt

Classificação Geral
Nome Tempo
1 Pedro Lopes (LA Liberty) 17 h 38.35
2º Hugo Vítor (Carvalhelhos).........................a 1m 24
3º Hélder Pereira (DulcetêxtilMadeinox)... a 3m9s
4º Hélder Magalhães (Vulcal)......................a 3m 23s
5º Gustavo Rodriguez (Barbot/Spol)........a 3m 52s
6º Rui Sousa (LA-Liberty Seguros)..........a 4m 23s
7º Alejandro Magallanes (Gondomar)...a 4 m 34s
8º Estanis Romero (Gondomar)................a 5m51s
9º Hernâni Broco (LA Liberty).....................a 7m 20s
10º Luís Pinheiro (LA Liberty)......................a 7m 29s
11º Paulo Ferreira (Imoholding)..................a 8m 32s 12º José Ramos (Barbot/Spol).................a10m 13s
13º Hélder Oliveira (Madeinox)......................a 17m 00s
14º Marco Morais (Imoholding) a 18m 38s
15º Nélson Vitorino (LA Liberty)........... a 20 m 04s

Classificação Colectiva
Nome Tempo
1. LA Liberty Seguros 52 h 54.07
2º Imoholding/Loulé 53.14.16
3º Gondomar/Coração de Ouro 53.30.42
Regularidade
Nome Pontos
1º Marco Morais (Imoholding) 15 pontos
2º Pedro Lopes (LA Alumínios) 13
3º Rui Sousa (LA Alumínios) 10

Prémio da Montanha
Nome Pontos
1º Marco Morais (Imholding) 26 pontos
2º Hélder Magalhães (Vulcal) 21

Metas Volantes
Nome Pontos
1º Gustavo Rodriguez (Barbot/Spol) 9 pontos
2º Pedro Lopes (LA Alumínios) 4 pontos

Sprints Especiais
Nome Pontos
1º Nélson Vitorino (LA Liberty) 6 pontos
2º Hélder Magalhães (Vulcal) 3 pontos

Juventude
Nome Tempo
1º Hélder Magalhães (Vulcal) 17h..41..58
2º Gustavo Rodriguez (Barbot/Spol)......17h.42.27
3º Alejandro Magallanes (Gondomar)...17h.43.09
4º Estanis Romero (Gondomar)...............17h.44.26

José Barros
(casactiva/quinta das arcas)
\"Em quatro dias há muita coisa junta\"
\"Tratou-se de uma prova bastante dura e pesada, tendo em conta que 60 por cento das equipas que participaram erm dos escalão sub-23. Creio que o traçado poderia ser algo diferente, pois numa prova de quatro dias há muita coisa junta, especialmente a grande montanha, o maior dos obstáculos a transpor. A organização da prova e a Federação de Ciclismo terão de rever certos aspectos. Claro que para os profissionais o problema até é menor, pois estão a preparar a Volta a Portugal e este traçado dá-lhes uma certa endurance\".

Rui Vinhas
(casactiva/quinta das arcas)
\"Prova muito exigente para amadores\"
\"Tivemos bastante montanha pela frente. Penso que se trata de uma prova muito exigente para ciclistas amadores. Não deixa de ser verdade que os corredores mais jovens começam a ter a noção do que vão enfrentar quando chegarem a profissionais, mas mesmo para estes é complicado. Pela minha parte fiz o que pude, mas confesso que na subida para o Marão senti muitas dificuldades e sofri bastante\".

José Vaz
(carvalhelhos/boavista)
\"Vinha com a ideia de vencer esta prova\"
\"Senti-me relativamente bem, mas vinha com ideias de vencer esta prova. Mas já foi muito bom vencer uma etapa, por sinal uma das mais complicadas, pois na parte final tinha uma subida íngreme e sinuosa. A nossa equipa esteve em bom plano, venceu duas etapas e ficou em segundo lugar na classificação geral. Viemos aqui para rodar, pois um dos nossos grandes objectivos da temporada é a Volta a Portugal\".

Pedro Lopes
(LA/Liberty seguros)
\"Vitória na prova só dependia de mim\"
\"Quando parti para as duas últimas etapas, estando numa posição relativamente confortável, sabia que a vitória nesta prova só dependia de mim. Claro que a equipa ajudou bastante, não tive de me preocupar muito com isso, pois os meus companheiros são excelentes. Levo daqui outra endurance, que poderá ser importante para enfrentar as provas que se seguem, com particular incidência na Volta a Portugal\".

Cândido Barbosa
(LA/Liberty seguros)
\"Ainda não estou nas melhores condições físicas\"
\"Creio que a equipa teve uma participação excelente, que serviu de pré-preparação para as importantes provas que se avizinham. Por mim, tentei dignificar ao máximo a equipa que represento, mas reconheço que ainda não estou nas melhores condições físicas. Tenho trabalhado muito para voltar ao meu normal e sei que com tempo vou lá chegar\".

Américo Silva
(LA/Liberty seguros)
\"Nunca deixamos de controlar a corrida\"

\"Havia que ter algum cuidado com os outros adversários, mas nunca deixamos de controlar a corrida. Cumprimos com os nossos objectivos numa prova muito dura, mas onde faltam percursos mais rápidos e com menos montanha. De qualquer forma, estamos aí prontos para enfrentar as competições que teremos pela frente\".



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«O fim do mundo»

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