Trinta e cinco jovens voluntários estão a ajudar a reabilitar cinco habitações de famílias carenciadas em Vila Pouca de Aguiar, abdicando de dias de férias para fazer um trabalho que “ajuda a mudar vidas”.

“Todos mudam um pouco a sua vida para vir ajudar a mudar a vida de outra pessoa e eu acho que isso acaba por ser o que nos mantém a todos muito unidos na forma como trabalhamos”, afirmou Afonso Moreira Pires, 25 anos, fotógrafo profissional e voluntário da associação Just a Change.

Em Vila Pouca de Aguiar, os voluntários dividiram-se para ajudar a recuperar cinco casas de famílias carenciadas deste município do distrito de Vila Real.

Numa aldeia do planalto de Jales, uma equipa de nove jovens teve praticamente de reconstruir a casa toda.

“Tínhamos previsto colocar o teto, telhado e paredes da casa e quando chegamos deparamo-nos com uma situação um pouco mais complicada. O chão estava empenado. Trocar o chão envolve trocar as vigas, trocar as vigas envolve trocar suportes e acabamos por levantar paredes”, explicou Afonso Moreira Pires.

O trabalho é duro, pesado e cabe ao mestre de obra Samuel Luwawa, 37 anos, garantir que fica tudo bem feito.

“É um desafio muito, muito grande mas é gratificante. Estar a trabalhar com jovens que em vez de estarem na praia estão aqui a ajudar as pessoas carenciadas, é de louvar e dá vontade de estar a trabalhar com eles, é gratificante”, salientou.

Samuel Luwawa ensina, orienta, dá instruções e diz que os voluntários aprendem “muita coisa” e “muito rápido”. Uns são novos no projeto, outros já repetem esta ação de voluntariado há alguns anos.

“Esta associação não é uma empresa de construção civil, o foco está virado para combater as situações de pobreza extrema e aqui vê-se o esforço destes jovens para lutarem contra isso. Eles próprios ganham muita responsabilidade com esta experiência”, frisou.

Carlota Castro, 19 anos e estudante na Faculdade de Economia do Porto, quis fazer voluntariado este verão e acabou por vir parar a Vila Pouca de Aguiar.

“Está a ser uma experiência incrível. Vim à procura de algo que pudesse ter impacto na vida das pessoas e que não fosse simples”, referiu.

Nesta casa, Carlota já fez massa para colocar nas paredes, já ajudou a colocar a madeira no chão, a fazer paredes, blocos de cimento e carregou material.

O proprietário, Álvaro Gonçalves, 59 anos, emocionou-se ao falar da ajuda dos jovens que têm passado os dias na sua casa, onde vive com a mulher, dois filhos e que estava em “mau estado”. O chão estava torto, as madeiras podres, o telhado precisava de ser mudado.

É uma ajuda pela qual diz que esperou muito tempo. Trabalhou em Espanha, mas a empresa fechou e optou por regressar à terra natal.

“É um sonho para mim, salientou.

Neste campo de trabalho, aos 35 voluntários juntaram-se cinco coordenadores, mais uma equipa de duas pessoas responsáveis pela logística, três diretores de campo e três mestres de obra.

A iniciativa em Vila Pouca de Aguiar resulta de um protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal, a Fundação Manuel António da Mota e a Associação Just a Change, que se vai prolongar até 2021.

A autarquia sinaliza as situações, faculta apoio logístico e financiamento para refeições e deslocações das equipas de trabalho.

A fundação financia as intervenções, acompanha o processo de cada obra e presta apoio à Just a Change, que é uma associação de solidariedade que mobiliza voluntários para ajudar pessoas a viver num local digno.

Estes campos de trabalho repetem-se um pouco por todo o país e, no final deste verão, os voluntários atingirão as cerca de 200 casas recuperadas.

Foto: Afonso Pires



PARTILHAR:

Desporto radical e música hoje no Azibo

Cidade acolhe a Famidouro até 18 de agosto