Seis centros de voto em Paris asseguram no sábado e no domingo a participação dos portugueses na capital francesa na eleição do Presidente da República, mas «votar por Portugal ainda é complicado», afirmou à Lusa o responsável pela Comissão da Participação Cívica e Política do Conselho das Comunidades Portuguesas.

«Votar por Portugal ainda é um acto complicado», resumiu Paulo Marques, presidente da Cívica, apesar de recordar que «tudo foi preparado a nível de reuniões no consulado geral e com campanhas de apelo ao voto nas rádios e jornais da comunidade».

Cristina Semblano, economista portuguesa radicada em França, concorda que a concentração de mesas em Paris «não pode deixar de afectar a participação dos portugueses» nestas eleições.

Nas instalações do consulado geral de Portugal em Paris haverá seis mesas de voto. Mais quatro estarão abertas nos consulados de Rouen, Orléans, Tours e Lille, cobrindo a parte norte do território francês, aquela onde reside o maior número de portugueses e luso-descendentes em França.

Os eleitores portugueses em França poderão também votar nos consulados de Marselha, Lyon, Bordéus e Estrasburgo.

Paulo Marques e Cristina Semblano referem que o nível de participação nestas eleições reflectirá «decerto» a concentração dos serviços consulares em Paris após o encerramento de consulados de Versalhes e Nogent.

«Fala-se na abstenção dos emigrantes nas eleições, mas não se leva em atenção que os níveis de abstenção da comunidade não são piores do que em Portugal, onde as pessoas têm uma mesa de voto em cada esquina», comentou Cristina Semblano.

A economista considera também que «a campanha eleitoral foi mais morna» do que em ocasiões anteriores. «Talvez porque há a sensação de que a emigração conta muito pouco para os responsáveis políticos em Portugal e que é apenas um reservatório de votos», defendeu.

As mesas de voto em Paris e nos outros consulados portugueses em França estarão abertas das 08:00 às 19:00 no sábado e no domingo.

Modelo de voto eletrónico pode impulsionar participação dos emigrantes - professor universitário

O recurso a modelos de \"voto eletrónico e de voto por Internet\" pode ajudar a aumentar a participação das comunidades emigrantes, defende o professor português da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, José Carlos Teixeira.

\"Admiro o facto de Portugal atribuir o direito do voto a 1,5 milhões de portugueses emigrantes, dando-lhes voz\", salienta o investigador à Agência Lusa.

Todavia, \"a existência só de voto presencial não ajuda à participação política, que é já reduzidíssima\".

Para este especialista da área da Geografia Urbana e Social, a baixa taxa de exercício do direito de voto evidenciada nos diversos atos eleitorais portugueses é verificada não apenas no Canadá como em geral nas comunidades portuguesas no mundo e poderia pôr em causa a própria a continuidade desse direito, levando a questionar-se se vale a pena manter o sistema de voto na emigração.

\"Em minha opinião, sim, vale a pena. Não é a quantidade que importa. Esse direito significa um grande reconhecimento por Portugal da valia da emigração\", considera.

José Carlos Teixeira diz ainda que \"o voto presencial como único modelo agora disponibilizado (para as presidenciais) é uma enorme desvantagem para os portugueses residentes em zonas distantes dos grandes centros urbanos e das áreas consulares portuguesas\".



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