Lusa
A assembleia geral da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços aprovou na quinta-feira à noite um voto de confiança à mesa administrativa, numa reunião realizada após a denúncia de alegados maus-tratos a idosos num lar da instituição.
No final, o vice-provedor, António Araújo, disse aos jornalistas que a mesa administrativa pediu à assembleia um voto de confiança, tendo obtido 97 votos a favor em 98 presentes na reunião.
“De modo que a mesa administrativa se mantém em atividade e, naturalmente, com o dever acrescido de solucionar este problema com toda a energia e com toda a vontade”, salientou.
A assembleia geral foi pedida pela mesa administrava da Misericórdia de Valpaços após as denúncias de alegados maus-tratos a um casal de idosos no lar, um caso que já está a ser investigado pelo Ministério Público (MP) de Vila Real.
António Araújo salientou que o inquérito interno ordenado após as denúncias, efetuadas pelo filho de um casal que residia naquele lar, “ainda está a decorrer”.
Inicialmente foram suspensos nove funcionários, dos quais três já regressaram ao serviço porque, segundo referiu, “não havia indícios de crime”. Entretanto, foram suspensos mais outros dois funcionários.
“As averiguação estão a decorrer, o processo de inquérito está a decorrer com tranquilidade e aquilo que esta mesa pretende é apurar os factos, saber o que se passou e quem os praticou e encontrar uma solução para que estas situações não se repitam”, frisou.
Ao mesmo tempo que começou a reunião na Misericórdia, cerca de uma centena de pessoas participou numa vigília contra a violência sobre idosos, no jardim público localizado do lado oposto da rua.
A iniciativa partiu de Jorge Araújo, enfermeiro de 50 anos que denunciou recentemente o caso de maus-tratos sobre os seus pais que estavam institucionalizados no lar da Santa Casa.
“O objetivo é alertar e agir. Isto serve para mobilizar as pessoas para, efetivamente, tomarem uma posição. Já chega”, afirmou Jorge Araújo.
Uma tarja de grande dimensão e onde se lia “Maus-tratos nunca mais. Juntos somos mais fortes” foi colocada no coreto do jardim público de Valpaços. Em redor, dezenas de pessoas enfrentaram o frio da noite, pegaram em velas e em bandeiras de Portugal e fizeram um minuto de silêncio.
O pai de Jorge Araújo morreu naquele lar há cerca de um mês e, segundo o filho, “aguarda-se o resultado da autópsia”. o enfermeiro acabou por retirar a mãe da instituição.
Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) disse à agência Lusa que o MP está a investigar os alegados maus-tratos a utentes ocorridos no lar da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, num processo que está em segredo de justiça.
“Confirma-se a receção de uma participação. A mesma deu origem a um inquérito dirigido pelo Ministério Público da comarca de Vila Real. Encontra-se em investigação e está em segredo de justiça”, afirmou a PGR, em resposta escrita a um pedido de esclarecimento.
