Este ano, coube ao Centro de Saúde de Sabrosa a realização do Encontro Transmontano do Clínico Geral, que decorreu nos dias 23, 24 e 25 de Maio. Há pouco tempo atrás, seria "impensável" para o Centro de Saúde desta localidade receber tal congresso, devido à "falta de logísticas e estruturas", como referiu o director desta unidade, José Coelho. Mas "a partir do momento em que a autarquia conseguiu ter um auditório, e surgiram unidades hoteleiras na zona" criaram-se condições para que se pudesse receber este encontro com dignidade", explicou o clínico.
Durante dois dias e meio, os temas em debate andaram à volta da "asma na infância", "factores de risco cardiovasculares", "alimentação combinada com exercício físico e terapêutica oral na diabetes Tipo II", "unidades de acidentes vascular cerebral", "prevenção rodoviária do AVC", "novas perspectivas no tratamento do AVC" e "osteoporose, doenças osteoarticulares, novos conceitos, novas terapêuticas". Para o último dia ficou reservado um debate sobre o futuro dos especialistas em clínica geral, que contou com a presença de Fátima Oliveira, da Ordem dos Médicos.
A insatisfação dos médicos de clínica geral ficou bem patente no debate de encerramento deste encontro. Pretendendo deixar de ser "os maus da fita", estes médicos receiam que o seu futuro "dependa da vontade política". E Fátima Oliveira apresentou uma lista de exigências que, como médicos de clínica geral, gostariam de ver realizadas. Melhores condições físicas de trabalho, respeito pelo exercício das suas funções pela restante equipa de saúde, reconhecimento do trabalho do clínico e deixar de servir apenas para passar receitas e baixas, foram alguns dos pontos abordados. A representante da Ordem dos Médicos defendeu ainda a "necessidade" da formação dos especialistas em clínica geral ser aumentada de três para quatro anos. Segundo Fátima Oliveira, "só com a concretização destas exigências" os clínicos conseguirão ter "uma passagem para o futuro com um sorriso nos lábios".
"O mais importante neste congresso é a troca de experiências que nos valoriza sempre e que nos permite, pós-congresso, modificar atitudes, equipamentos e até transformações estruturais nos próprios serviços", afirmou José Coelho.
Apesar de ser do conhecimento público a falta de médicos em Trás-os-Montes, no Centro de Saúde de Sabrosa estas dificuldades ainda não se fazem sentir. De um quadro de seis médicos, existem quatro para os cerca de 7.500 habitantes deste concelho. Por ano, são feitas cerca de 30 mil consultas, o que, na opinião do director desta unidade, "é satisfatório". No que toca às infra-estruturas, José Coelho considera que o novo edifício do Centro de Saúde de Sabrosa é "exemplar, pela forma como foi construído, que o torna diferente dos outros, muito funcional".