A castanha "é a rainha" da economia das terras de Montenegro, em Valpaços, onde é a principal fonte de rendimento para 2.000 produtores e movimenta cerca de 50 milhões de euros anuais.
Pelo concelho do distrito de Vila Real, inserido na Denominação de Origem Protegida (DOP) da Padrela começa agora a intensificar-se a apanha deste fruto, cerca de duas semanas mais tarde do que em anos anteriores, e com uma previsão de quebra a rodar os 30% comparativamente com o ano anterior.
Ultimam-se também os preparativos para a 22.ª edição da Feira da Castanha Judia de Carrazedo de Montenegro, que decorre entre 09 e 12 de novembro e tem como objetivo promover a "rainha" de economia local.
O presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, classificou a castanha como o "ouro da Terra Fria". "São mais de 50 milhões de euros que giram à volta da cultura da castanha", salientou hoje o autarca durante a conferência de imprensa de apresentação da Feira da Castanha Judia.
Segundo o presidente, pelo concelho existem cerca de 4.000 hectares de soutos e 2.000 produtores espalhados por 18 localidades que "vivem praticamente da castanha".
António Costa, presidente da Junta de Freguesia de Carrazedo de Montenegro e Curros, reforçou que "a castanha é a principal fonte de rendimento dos agricultores locais". "A castanha é que é rainha para eles poderem sobreviver", salientou.
O autarca de freguesia referiu que este ano se prevê uma quebra de produção a rondar os "30%", no entanto salientou que o preço de venda se situa entre os 2,50 a três euros, o que ajuda na manutenção do rendimento dos produtores das terras frias de Montenegro.
Este ano a apanha deverá rondar as 10.000 toneladas neste concelho, e, segundo o responsável, a "qualidade está assegurada".
António Costa referiu ainda a falta de mão de obra neste território, ainda por cima num ano em que a produção se atrasou e se vai aproximar da apanha da azeitona.
Em anos anteriores, muitos agricultores queixaram-se de furtos de castanha por grupos de pessoas que entram nos soutos durante a noite.
Amílcar Almeida referiu que, nesta campanha, vai reforçar o apelo à GNR para estar mais visível e mais próxima das comunidades.
"É uma situação preocupante porque, de facto, os produtores trabalham ao longo do ano, vivem da castanha e depois, outros, à noite, vêm soutar (apanhar a castanha)", afirmou o presidente da câmara.
Para acrescentar valor à castanha, a nível local vão surgindo novos projetos, como a cerveja de castanha "Judia", uma iniciativa do produtor Lino Sampaio que também vai estar em destaque na feira.
Na Feira da Castanha Judia vão estar presentes 80 stands, a maior parte de venda de castanha, mas também de outros produtos do concelho como o azeite, vinho, enchidos ou artesanato.
Um dos momentos altos da feira é o já tradicional bolo de castanha de 600 quilos.