UTAD desagradada com novas universidades
Oreitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, não vê com bons olhos a criação das universidades públicas de Viseu e de Bragança. Estas são decisões que Mascarenhas Ferreira vê "com muita apreensão, sobretudo num contexto de racionalização da oferta de que tanto se fala".
Mascarenhas Ferreira diz que lhe parece "um contra-senso ter universidades a 40 minutos, no caso de Viseu e Vila Real, com a conclusão do IP3 para breve, mais a do Porto, que com a A4 ficará a menos de uma hora, o mesmo acontecendo com a de Bragança". O reitor da UTAD lembra, ainda, que também a Universidade do Minho ficará mais próxima, com a construção da A7.
No que toca ao caso de Bragança, a comissão pró-universidade exigiu, recentemente, o cumprimento da promessa eleitoral de Durão Barroso, reiterada já como primeiro-ministro. O responsável da UTAD considera que "é amplamente consensual que, no quadro actual do país, a Universidade de Bragança não faz sentido nenhum".
Três hipóteses
E, como solução, preconiza três hipóteses: "A continuação como politécnico, porque não há nada de menos prestigiante ou menos digno nisso; a integração na UTAD, com formação politécnica em Vila Real e formação universitária em Bragança, conforme as necessidades; ou então a criação de uma universidade técnica".
Em Viseu, o deputado do PSD, Almeida Henriques, não concorda com Mascarenhas Ferreira, considerando que "Portugal é claramente deficitário em áreas como as novas tecnologias, as ciências médicas, as tecnologias da informação e a biotecnologia, por exemplo". Além disso, acrescenta, "todas as iniciativas motivadoras e potenciadoras do desenvolvimento das regiões são benvindas e a universidade pública de Viseu surge numa lógica de complementaridade, para desenvolver novas competências em áreas técnicas".
"Mais alunos que a UTAD"
Pelo seu lado, o vice-presidente do Instituto Politécnico de Bragança, Alfredo Teixeira, considera "estranho que na criação da comissão de estudo, a cargo do professor Veiga Simão, se dê já como adquirida a universidade de Viseu, o que parece indicar que, em relação a Bragança, não existe a mesma vontade política". Quanto às declarações do reitor da UTAD, Alfredo Teixeira lembra que "Bragança não tem que estar ao serviço dos interesses de Vila Real, porque o Politécnico tem hoje uma individualidade própria, um corpo docente de alta qualidade e, até, mais alunos que a UTAD".
Jorge Nunes, presidente da Câmara de Bragança e da comissão pró-universidade, afirma, por seu lado, que "a racionalização deve ser feita em relação às duas grandes áreas metropolitanas, porque é preciso apostar no país como um todo. Com universidade em Vila Real, Viseu e Bragança consegue-se um desenvolvimento mais equilibrado e benéfico para todos", acrescentou.