Alexandra Alves e Luís Pereira são os responsáveis pela promoção e divulgação de património há muito esquecido na pequena aldeia de Campanhó – Mondim de Basto.
A Profissional em Animação e Produção Artística e o Arqueólogo, têm a partir de 2019 a nobre missão de “criar e manter um espaço de vivência, desenvolver e apoiar atividades nos domínios cultural, patrimonial, social, ambiental e recreativo, fomentando a interação entre diferentes classes etárias e apoiando a integração social e comunitária”.
Desde que a Associação se estabeleceu na aldeia de Campanhó, Campanoo - Associação Cultural, Ambiental e Patrimonial, tem realizado diversas atividades sob a temática do ambiente, da cultura e do património. São as atividades ligadas à natureza, como as rotas pedestres e os passeios de identificação da flora selvagem comestível e medicinal, que atraem cada vez mais pessoas de vários pontos do país. Após a recolha da flora selvagem medicinal, durante a caminhada, Luís Pereira e Alexandra Alves promovem oficinas de criação de “mezinhas/remédios caseiros”, um conhecimento antigo que ainda hoje preservam.
As atividades sobre o património centram-se principalmente na proteção do património cultural, industrial e natural local, “desenvolvemos um projeto de investigação e de valorização do património mineiro da antiga exploração de Cal de Campanhó e da Serra do Marão”, refere Luís Pereira.
É também na educação dos mais novos, que a Associação tem um papel ativo, com o projeto “Eco Bolas de Sementes”. Em colaboração com o Agrupamento de Escolas de Mondim de Basto e o Município, realizam ações de reflorestação que consiste no “lançamento de bolas de sementes em terrenos baldios no Monte Farinha (Monte da N.ª Sr.ª da Graça)”. Ao longo do ano a Associação desenvolve ainda ações de voluntariado, como a limpeza de lixo nos ribeiros e na área florestal local, na reflorestação e plantação de árvores autóctones, sensibilizando para o cuidado e o respeito com o meio ambiente.
Trilho PR8 Campanhó: Caminho do Porto Velho
Desde 2019 que o trilho PR8 - Caminho do Porto Velho, está acessível a todos os que têm interesse pela natureza. Quem o faz, pode optar por ser acompanhado pelos dois elementos da Associação, que ao longo dos 7,1km do percurso dão informação detalhada sobre a fauna e flora existente, ou então realizar o percurso de forma independente. É um percurso circular que dura mais de três horas e trinta, inicia e termina no Largo Central da aldeia, também conhecido pelo Largo do Pereira. Devidamente identificado, é um percurso com dificuldade moderada e nalgumas zonas elevada, o pedestrianista segue por lameiros verdejantes, onde predomina a agricultura de subsistência e a produção de gado. Seguindo a levada da Dorna até chegar à Dorna, uma poça de águas transparentes e límpidas, um local único no meio das montanhas.
Durante todo o percurso as paisagens são ímpares, ladeado de montes e vales, atravessando por terrenos xistosos (típicos nesta zona) e escarpas íngremes coloridas, devido as giestas e a urze que se misturam com o verde natural da vegetação rasteira, característica da montanha.
A partir deste ponto, o nível de dificuldade do percurso aumenta, inicia-se assim uma longa subida até ao “Planalto Cruz das Moças a 1013m de altitude, onde se pode apreciar a Ribeira do Porto Velho e da Queda de Água D´alto com cerca de trinta metros de altura”, conforme indicação no itinerário do PR8. Aqui também se podem avistar o Parque Natural do Alvão e o Alto da Senhora da Graça, a serra da Cabreira e os picos da Serra do Gerês.
O percurso continua em direção aos fornos de Cal, é a aldeia que possui o maior conjunto de fornos de Cal do distrito de Vila Real e “exemplares únicos em Portugal Continental”. Por último o percurso passa pelo interior da aldeia, onde se pode apreciar algumas construções rústicas e interagir com os habitantes locais.
Reportagem de Bruno Taveira