A Associação Palombar, com sede em Vimioso, vai coordenar o projeto LIFE SOS Pygargus que, com uma um dotação de 11 milhões de euros, pretende unir ecologistas, cientistas e agricultores para salvar a águia-caçadeira da extinção, foi hoje divulgado.

 De acordo com uma nota enviada à Lusa pela Associação Palombar, o projeto foi aprovado a propósito do Dia Mundial da Conservação da Natureza, que se assinala no sábado, tratando-se de uma iniciativa transfronteiriço que vai unir ecologistas, cientistas e agricultores em Portugal e Espanha com o objetivo de salvar a águia-caçadeira (Circus pygargus) da extinção no território nacional e na zona de fronteira entre os dois países.

“O projeto foi aprovado pelo Programa LIFE da União Europeia (UE) e tem um orçamento total de quase 11 milhões de euros, 75% dos quais (oito milhões de euros) financiados por fundos comunitários”, indicou esta associação de conservação e preservação da natureza, instalada no distrito de Bragança.

O projeto vai arrancar em setembro e será implementado no período 2024-2030.

A águia-caçadeira, também conhecida como tartaranhão-caçador, é uma ave que nidifica no solo em áreas abertas.

“Segundo o primeiro censo nacional da espécie realizado em 2022-2023, a sua população encontra-se em declínio acentuado nos últimos 15 anos e está atualmente em risco de desaparecer”, indicou a Palombar.

O LIFE SOS Pygargus, coordenado pela Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, conta com 17 parceiros, dos quais 13 são entidades portuguesas e quatro espanholas.

A águia-caçadeira, classificada como “em perigo” de extinção em Portugal e “vulnerável” em Espanha, é uma rapina migradora que passa o outono/inverno na África subsaariana e a primavera/verão na Europa e Ásia Ocidental, sendo que a Península Ibérica alberga grande parte da sua população ocidental.

Segundo os investigadores ligados ao projeto, o forte declínio da população desta ave de rapina é resultado sobretudo de alterações nas práticas agrícolas e predação.

“A águia-caçadeira é então forçada a reproduzir-se em culturas forrageiras, onde o corte precoce, em plena época reprodutora, destrói involuntariamente os ninhos feitos no solo. Por ser uma espécie muito dependente de áreas agrícolas para a sua sobrevivência, os agricultores têm um papel chave na sua conservação”, sublinham.

Os principais objetivos do projeto são: melhorar o estado de conservação da águia-caçadeira em Portugal e das populações transfronteiriças; adaptar as práticas agrícolas ao ciclo reprodutivo da espécie, promovendo o uso de variedades de cereais e forragens que são mais compatíveis com as suas necessidades ecológicas; reduzir significativamente a mortalidade e a destruição de ninhos, com uma meta de redução de 75% na mortalidade e aumento de 50% na população reprodutora, e promover a consciencialização pública sobre a importância da conservação da águia-caçadeira, bem como fomentar a cooperação entre Portugal e Espanha para a conservação transfronteiriça desta ave.

O projeto será implementado em 49 Zonas de Proteção Especial da Rede Natura 2000 e áreas adjacentes, em Portugal (23) e Espanha (18 na Estremadura, três na Galiza, quatro em Castela e Leão e uma em Madrid), que albergam a maior parte das populações portuguesas e transfronteiriças da águia-caçadeira.

Segundo a Palombar, o projeto LIFE SOS Pygargus vai proteger esta ave que desempenha um papel fundamental nos ecossistemas, garantindo o seu bom funcionamento e beneficiando as comunidades rurais, nomeadamente os agricultores, através do consumo de insetos e pequenos roedores.

Fotografias: Palombar



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