Valpaços é uma cidade portuguesa do distrito de Vila Real, da Região Norte, da sub-região do Alto Tâmega e da antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro, com 4.461 habitantes (Censos 2021) no seu perímetro urbano. É sede de um município com aproximadamente 549 km² de área e 14.702 habitantes (Censos 2021), subdividido em 25 freguesias. O município é limitado a noroeste por Chaves, a leste por Vinhais e Mirandela, a sul por Murça e a Oeste por Vila Pouca de Aguiar. Foi criado em 1836 por desmembramento de Chaves.

Cachão, uma aldeia abandonada!

A aldeia do Cachão, pertence ao concelho de Valpaços, e à freguesia de Possacos. Fica a cerca de 5 km da cidade, sendo que a parte final do caminho é praticamente sempre a descer e em terra batida. Fica situada na margem direita do Rio Rabaçal a 3 km da Estrada Nacional 206.

Conta a história que, em 1943, havia um conjunto de doze fogos (agregados familiares) nesta pequena aldeia a que deram o nome de Cachão, talvez por se situar próxima da confluência do Rio Calvo com o Rio Rabaçal que, durante o inverno, corre bem cheio fluindo as suas águas a velocidades alucinantes e levando tudo pela frente.

Erguida ao lado do Rio Rabaçal, a aldeia, apesar de pequena, era rica em património como ainda se denota hoje em dia. Não faltavam as nórias, os fornos, os lagares, os moinhos, que ficaram esquecidos quando “a população envelhecida começou a morrer e não havia gente nova para trabalhar na terra”.

A remanescência da antiga aldeia povoada e de todas as suas casas características, deixadas ao abandono e à mercê das forças da natureza, saltam à vista de todos aqueles que por ali passam. O ex-libris desta aldeia é o Rio Rabaçal, onde a água límpida flui suavemente pelas rochas que ladeiam o leito, justamente com a belíssima paisagem que pode ser apreciada ao som dos rouxinóis a cantar nos negrilhos.

Chegou a ser habitada por cerca de 33 famílias, mais de 150 pessoas, mas a forte corrente emigratória, especialmente para o Brasil e para a França, e o êxodo rural, especialmente para as grandes cidades, levou-lhe os poucos habitantes que tinha, além de que o isolamento e fracas acessibilidades ao local acabaram por fazer com que os últimos residentes se mudassem para as aldeias mais próximas, Valverde e Possacos.

Em tempos, a aldeia do Cachão, foi maioritariamente propriedade de João Batista Calado, nascido em 1938, que depois de regressar de Angola em 1975 sem nada, foi comprando, com muita insistência, aos herdeiros, as casas e terrenos da aldeia abandonada, onde começou por ser caseiro. João Batista Calado acabou por falecer, ficando como herdeiros das suas terras os seus três filhos.

De recordar que João Batista Calado era um empreendedor notável na forma como investiu o dinheiro que foi ganhando durante a sua vida. Foi em tempos um grande produtor agrícola de Valverde, chegando a produzir, com a ajuda dos seus filhos, 15 toneladas de pêssego, 30 de ameixa, 6 de figo, 30 de uvas para vinho e 16 de cereja.

Por entre ruínas e vegetação ainda é possível observar, um lagar de azeite, uma adega e um lagar de vinho, o largo e o recinto das festas, o forno de pão, uma fraga usada para eira e uma pedra para trabalhar o ferro, construções estas num avançado estado de desgaste e degradação e em diferentes fases de ruína.  

Nos dias de hoje, a aldeia, apesar de desabitada, ganha vida com a presença dos agricultores no cultivo das terras ou aquando das missas que se realizam na Capela de S. Genésio, juntamente com as comemorações em honra do Santo Padroeiro da aldeia, S. Gens. 

Cachão, que futuro espera a esta aldeia?

Ainda hoje são muitos os agricultores, tanto de Valverde como de Possacos, que cultivam as terras da aldeia, apesar de desabitada. 

Em tempos falou-se da construção de uma barragem naquela zona, o que deu alguma esperança à população, mas o projecto, se existiu, "ficou pelo papel".

O futuro desta aldeia valpacense continua incerto.

Como lá chegar:

  • De Valpaços, siga pela EN206, até ver na primeira aldeia - Possacos - a indicação "Cachão". Siga pelo meio da aldeia até chegar a um entroncamento com a placa com a indicação de "Cachão - 3 Km", seguindo o caminho de terra batida sempre pela direita.
  • Para os mais aventureiros, pode experimentar fazer uma descida do rio a partir do Parque de Campismo do Rio Rabaçal em plena EN206, na Ponte de Vale de Telhas, até à povoação do Cachão.

O que visitar:

  • Uma vez no Cachão, visite a Capela, e não deixe de imaginar como era a vida no centro da aldeia especialmente no “povo”, junto da casa grande.
  • Se visitar a aldeia no Verão leve fato de banho e sente-se nas pedras da represa do Rio Rabaçal e aproveite as massagens que a queda de água, límpida e cristalina proporciona.
  • Se aprecia a arte da pesca, o Vale do Rabaçal apresenta paisagens lindíssimas e ninguém melhor que um pescador para admirar a beleza de todo o espaço envolvente.

Curiosidades:

  • A 18 de agosto de 2007 foi escondida uma geocache num muro algures na aldeia abandonada, cache esta que já não existe.  
  • Sr. Esteves, o último habitante do Cachão saiu da aldeia, para os Possacos, à mais de 30 anos.
  • A aldeia nunca teve rede elétrica. 
  • A povoação nunca teve acesso a água canalizada.
  • Todas as ruas da aldeia eram em terra batida e com fracas acessibilidades. 
  • Uma das casas da aldeia tem inscrição em pedra do ano de construção: 1867.
  • Foi na aldeia do Cachão que nasceu o Dr. Espírito Santo Esteves, o primeiro médico a explicar ao mundo cientificamente, como se processava a Pintura em Transe, desde o interior do nosso cérebro até às guinadas da ponta dos dedos de um artista.
  • A aldeia do Cachão foi alvo de uma tese de doutoramento por parte da Profª Teresa Saraiva então professora primária nos Possacos.

Fontes: Wikipédia, Portoenorte, Geocaching, Blogs Locais (Textos com adaptações)

Fotografias: Carlos Espírito Santo (Captadas a 25/04/2021)

 

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