Mais de quatro dezenas de grupos de máscaras e cerca de seis centenas de participantes, marcaram presença no Jardim da Praça do Império em Belém – Lisboa, para o tradicional desfile da XIV Edição do Festival Internacional da Máscara Ibérica.
O Festival Internacional da Máscara Ibérica (FIMI), regressou ao Jardim da Praça do Império, em Belém, cruzando o património histórico e cultural envolvente com as tradições ancestrais pagãs da Península Ibérica. Gastronomia, artesanato, tertúlias, debates, workshops, concertos, exposições, entre outras atrações fizeram parte da Mostra de Regiões do FIMI, que já vai na XIV edição.
O ponto alto do Festival é o tradicional desfile, onde caretos, foliões e mascarados diabólicos e misteriosos, interagem com as centenas de espectadores, criando momentos inesperados e únicos, ao longo do percurso em frente ao Mosteiro dos Jerónimos.
A presença transmontana nesta edição foi evidente, contando com uma dezena de grupos (Caretos de Grijó; Caretos de Parada; Máscaros de Vila Boa; Caretos de Podence; O velho e a Galdrapa de São Pedro da Silva; Farandulo de Tó; Velho de Vale de Porco; Chocalheiro de Bemposta; Festa dos Velhos de Bruçó; Careto e Velho de Valverde), com os seus trajes tradicionais e máscaras artesanais.
Irrompem com euforia ao som ruidoso dos chocalhos, trajados com fatos tricolores, ornamentados com franjas de lã e máscaras artesanais em latão ou cabedal, características do grupo mais popular a nível nacional e internacional - os Caretos de Podence. Com doze participações no FIMI, os Caretos de Podence são já, para o público, uma das principais atrações do desfile, pela animação e interação do “ritual de chocalhar as mulheres”.
António Carneiro, Presidente da Associação dos Caretos de Podence, defende que este tipo de eventos são necessários, para a promoção e divulgação dos grupos e das localidades, “sou um defensor deste tipo de eventos, em Lisboa no Porto ou outra grande cidade é uma forma de promover e de levar as pessoas às festas que acontecem em Trás-os-Montes e verem ao vivo”.
Não é o único grupo no nordeste transmontano, mas aquele com mais expressão e mais popularidade, fruto de um trabalho contínuo de todos os elementos, “os Caretos de Podence apesar de estarem neste patamar, não é de um dia para o outro, isto é um trabalho de continuidade, que ao longo destes anos temos capitalizado alguns êxitos”, refere orgulhoso António Carneiro.
Desde 2017 que os Caretos de Podence, são Património Nacional Imaterial, com o objetivo de promover além-fronteiras a tradição pagã, que os habitantes de Podence preservaram até aos dias de hoje, levou o grupo a formalizar em 2018 uma candidatura, para serem reconhecidos como Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO, “esta candidatura vem trazer mais responsabilidade, esse caminho que temos feito ao longo destes anos, para dar mais continuidade com mais visibilidade, é uma forma de levar mais longe o território do nordeste transmontano”, para a aldeia de Podence, “esta candidatura é uma mais-valia em termos turísticos, culturais, económicos e a fixação de gentes em territórios de baixa densidade populacional”, refere António Carneiro.
Com a agenda muito preenchida, e presenças em diversos países, atualmente os Caretos de Podence, estão a desenvolver um projeto intitulado “100 Máscaras – 100 Rostos de Portugal”. Consiste em convidar algumas personalidades ligadas ao teatro, música, desporto entre outras áreas, para assinarem uma máscara e no final do ano a Associação dos Caretos de Podence fazerem uma exposição, “este projeto vai ser uma exposição, que provavelmente vai decorrer no Museu de Etnologia em Lisboa, antes do Comité da UNESCO, já temos várias personalidades que assinaram a máscara, o projeto esta a ser trabalhado há algum tempo e vamos esperar que seja um êxito. Nesta primeira fase é uma exposição e depois provavelmente passará para livro”, conclui António Carneiro.
No FIMI também esteve presente a banda Galandum Galundaina num concerto na Praça do Império.
Texto e Fotos de Bruno Taveira