S. Sibrão é uma daquelas aldeias onde os efeitos da desertificação se fazem sentir mesmo no mês de Agosto, altura em que a maioria das localidades transmontanas assistem ao regressar de inúmeros emigrantes. A festa grande da povoação, por seu lado, também não contribuiu para grandes movimentações, já que tem lugar em Outubro, um época em que os filhos da terra não têm por hábito tirar férias.
Plantada nas fraldas da Serra da Nogueira, a pequena povoação dista cerca de 20 quilómetros de Bragança, mas pertence à freguesia de Celas, no concelho de Vinhais. A sede do município encontra-se a cerca de 40 quilómetros e, talvez por isso, uma parte significativa da população de S. Sibrão gostasse de pertencer ao concelho de Bragança. “As pessoas vão a Bragança muitas vezes para tratar de vários assuntos”, garantiu Adília Afonso, acrescentando que durante a semana reside na capital distrital. Tal como esta popular, muitos dos emigrantes que regressam no Verão já possuem casa em Bragança e só demandam S. Sibrão para visitar os pais. É o caso de Maria de Lurdes Alves, que regularmente recebe a visita dos filhos que se encontram noutras paragens. “Quando eu morrer eles já não vêm cá”, garante a sexagenária, exibindo algum orgulho. Tendo em conta o processo de desertificação em que entrou a povoação, não admira que “pouca gente recupere as casas dos pais ou construa de novo”, tal como referiu Adília Afonso. Estrada pela serra
Tendo em vista o combate ao isolamento, alguns populares defendem que a aldeia deveria pertencer ao concelho de Bragança. “Até convinha, porque estamos mais perto de Bragança”, frisou Maria de Lurdes. Para reforçar o relacionamento com a capital distrital, os habitantes da povoação consideram que o estradão de terra batida que faz a ligação entre S. Sibrão e a estrada que dá acesso ao Santuário da Nossa Senhora da Serra devia ser asfaltada. “Era uma maravilha, porque fica mais perto ir a Bragança pelo estradão, que são quatro quilómetros em terra batida, do que ir ao cruzamento de Refoios e Martim”, garante Adília Afonso, acrescentando que “há pessoas que trabalham em Bragança e fazem o percurso em terra batida diariamente”. No pico do Inverno, no entanto, esta tarefa é quase impossível, pois o gelo, a lama e a neve são uma presença quase constante na Serra da Nogueira. Resta aos habitantes seguir por Refoios e Martim ou pela estrada que faz a ligação entre S. Sibrão e Celas, caso se dirijam a Vinhais, uma via que veio substituir um outro caminho de terra batida, que deixou de ser utilizado há cerca de 10 anos.
João Campos
2-Julho-2000



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